MARATONAS DE DEZEMBRO

MARATONAS DE DEZEMBRO

(Autor: Antonio Brás Constante)

Dezembro pode ser considerado um mês de maratonas, e não somente pela corrida de São Silvestre, mas pela correria pela qual passamos no decorrer desse período. Provavelmente por causa disto, as férias de janeiro ou fevereiro, acabam sendo boas opções para recuperarmos o fôlego perdido no final do ano.

O corre-corre começa pelas festas, que proliferam nesta época. Uma agenda não é suficiente para nos auxiliar a lembrar quando marcamos de confraternizar com os colegas de serviço, com os parentes, com os vizinhos, com o pessoal do curso, com os camaradas do clube. Etc. Todos contando com nossa participação para festejar conquistas, amizades, viradas de ano, ou qualquer outro pretexto que sirva de base para justificar tais encontros.

Em muitas ocasiões acabamos responsáveis pela organização da festa e lá vamos nós cotando o preço do peru, arrumando o melhor espaço para o evento, escrevendo a lista de convidados, entre tantas outras atividades necessárias.

Se a ceia em questão for a de Natal ou de Ano novo, o trabalho triplica, pois se somam aos detalhes acima, as supertições das referidas datas. Servir panetone no natal e lentilha no ano novo para dar sorte. Não servir galinha no último dia do ano porque “cisca para trás”, servir porco porque “fuça para frente”, e por aí vai.

Outro problema é o choque de emoções. Pois devemos nos mostrar sérios, e cheios de compaixão durante os ritos religiosos. Ouvindo sermões que nos lembram dos desvalidos sociais, do sofrimento de Cristo, e de nossa própria mortalidade. E dá-lhe tristeza em nós. Somos bombardeados com mil e uma reflexões sobre o mundo a nossa volta e o sofrimento que o cerca.

Ao terminar as cerimônias, somos automaticamente jogados na gandaia. Temos que trocar de humor como se troca de roupa. Largamos à batina de tristezas em um canto qualquer da mente, pois o momento agora exige uma explosão de felicidade, devendo brotar alegria de nossas faces que há minutos atrás eram quase templos de lágrimas.

Outra preocupação nesta época é com os presentes. As pessoas compram, compram, compram. Parando apenas para prestarem um singelo minuto de silêncio em prol dos desafortunados que mendigam em sua volta. Retomando as compras com toda fúria natalina, em busca das melhores ofertas, visando trocar abraços, sorrisos e pequenas lembranças, levando a tiracolo contas, contas, contas.

Nas festas de final de ano, abrimos as portas para o espírito de natal, mas com o cuidado de mantê-las fechadas para os assaltantes, que não são Papai Noel, porém também gostam de entrar sorrateiros em nossas moradas. Enfim, dezembro é o mês em que devemos olhar para o nosso próximo, cuidando se ele não esta muito próximo, querendo nos roubar. (e-mail: abrasc@terra.com.br)

SITES: www.abrasc.pop.com.br e www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 03/12/2006
Código do texto: T308247