UM MAL-ENTENDIDO ESPORTIVO


Era uma vez, uma comunidade de uma localidade do interior de um estado brasileiro, situada próximo do estado do Rio de Janeiro, que adorava promover torneios esportivos, principalmente partidas de futebol.
A localidade, apesar de não possuir uma grande população, os poucos moradores existentes nos núcleos habitacionais que se formavam de forma desordenada, iam construindo suas praças esportivas mais conhecidas como campos ou estádios de futebol.
A equipe mais popular daquela região chamava-se J F Futebol Clube e naquela oportunidade se despontava como a virtual candidata ao título de campeã de qualquer torneio que ali fosse disputado. Nenhum outro time local tinha tanta popularidade como o J F. A torcida uniformizada, a única existente no mundo com aquelas características, se destacava pela algazarra que produzia dentro e fora dos estádios.
Certo dia, no decorrer de um desses torneios, houve um comentário de que um determinado árbitro local, cujo nome por questões éticas não será aqui mencionado, estava "beneficiando" as equipes locais menos favoritas com o intuito de dar mais ânimo àqueles dirigentes menos privilegiados técnica e financeiramente falando.
- Alguém teve a infeliz idéia de "melar o campeonato" - era o comentário geral.
- Quem sabe seja essa a única forma de procurarmos dar maior consistência e credibilidade a esse título que mais uma vez está favoravelmente voltado para o nosso "timaço" - comentavam os torcedores do J F Futebol Clube.
Após algumas discussões e desentendimentos, ficou acertado entre os dirigentes das equipes locais que, daquela data em diante, nenhum deles aceitaria a participação de árbitros locais nas partidas de futebol daquele torneio em andamento.
A solução seria contratar árbitros do Rio de Janeiro. Afinal, era lá que o futebol nacional transcorria de uma forma transparente, e ninguém melhor para arbitrar uma partida de final de campeonato senão um árbitro carioca ou fluminense.
Não é preciso dizer que a equipe J F Futebol Clube chegou às finais do campeonato regional e nem tomou conhecimento das medidas preventivas adotadas pelos outros adversários para impedir que ela "abiscoitasse" mais um título. O juiz que apitaria a partida final veio realmente de fora e como a partida se desenrolava em um dia muito chuvoso a torcida do J F que era mais numerosa que a do time adversário, nas arquibancadas, gritava em coro:
Juiz de fora! Juiz de fora! Com chuva ou sem chuva é chegada a sua hora. E quem disse que a partida começou. O juiz que estava designado para apitar a partida final imaginou que a torcida se referia à sua entrada em campo e, sem mais nem menos, arrumou sua sacola e saiu pelo portão privativo do estádio e até hoje não retornou para se explicar.
Sabe-se que posteriormente ele mandou uma súmula do tal jogo que nem chegou a começar e, entre outras desculpas apresentadas, ele fez questão de constar que a violência da torcida local o impediu de arbitrar a partida final e deu como vencedor o time que possuía o maior número de pontos, maior saldo de gol e o maior número de vitórias.
Você na qualidade de um torcedor de futebol acostumado a presenciar atitudes futebolísticas dessa natureza, com certeza adivinhou. O vencedor do torneio foi a equipe do J F, ajudada que foi pelo juiz que veio de fora.
Por uma questão de justiça, ou sabe-se lá por qual motivo, daquele dia em diante todos os torcedores adversários e os do próprio time J F mantiveram a exigência com relação às arbitragens locais e, em períodos de campeonatos regionais estiveram sempre a protestar:
- Nós só queremos juiz que venha de fora para arbitrar os jogos dos nossos campeonatos, principalmente daqueles em que o time J F participar.
Será que esse episódio tem algo a ver com a denominação de uma linda cidade brasileira que coincidentemente tem as mesmas iniciais do primeiro nome desse time de futebol?
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 02/12/2006
Reeditado em 02/12/2006
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