O Baianinho e a Quituteira
Dona Emerentina era uma quituteira de mão cheia. Ela fazia as guloseimas e enchia seus bornais e ia vender em Salvador, pois na sua cidadezinha quase não vendia, isso porque praticamente em todas as casas tinha uma quituteira de mão cheia, além de serem a maioria parentes, aí num adiantava vender, porquê parente acha que só porquê é parente tem que comprar fiado ou barganhar, aí Dona Emerentina preferia gastar um pouquinho à mais, do que vender ali mesmo e num ter lucro algum.
Bem, vamos ao que interessa: Dona Emerentina teve alguns filhos, a maioria já casados e moravam em Ilhéus, só restou o caçula Esmeraldo, chamado carinhosamente de “Chêro” pela mãe nada coruja (só pra informação Dona Emerentina teve sete filhos e colocou os nomes em todos com a inicial “E”, vou citá-los já que tô enchendo lingüiça desde o inicio mesmo: do primogênito em diante teve Estanislavio, Edimilton, Emengarda, Edivanildo, Eduardinha (é nome mesmo), Etevaldo e Esmeraldo o dito cujo da história).
Continuando: Dona Emerentina preparou seus bornais mais uma vez com os docinhos, compotas, geléias na sua maioria de araça e umbú, para mais uma viagem à negócios à capital baiana e lá estava o minino Esmeraldo estirado numa rede, digo, numa cadeira de balanço trançada de embira ( todas as histórias de baiano tem rede, vai a merda, eu sou baiano). Então ao ir saindo dona Emerentina exclama:
- Chêro, num vai si adispidi di mãinha não?
E Esmeraldo meio bocejando responde:
- Num dá pra eu si adispidir quando a sinhora volta não, mainha?
Indignada Dona Emerentina grita sem pensar:
-E se eu morrê lá e chegá aqui num caxão?
Aí diz Esmeraldo:
- É bom qui economizo dispididas.
Depois disso Esmeraldo foi junto pra capital: pro doutor dar uns pontos na testa dele, duma latada de geléia que Dona Emerentina acertou nele lá da porta.