Sinceramente
Dois homens se trombam na rua
- Opa desculpa! – Um ajudando o outro a se levantar.
- Que isso eu que tenho que pedir desculpa... Caramba não acredito!
- O que, você se machucou?
- Não acredito que é você! Quanto tempo. Como você ta meu querido?
- Eu to bem... To bem... “Putz quem é ele mesmo?”.
- Quem é vivo sempre aparece hein...
- É... É! “Meu Deus, quem é ele?”
- Poh você continua magro...
- E você inteligente! – Resmungou.
- Ãhm?
- Nada não...
- E aí, o que anda aprontando?
- Ah to na mesma ainda...
- Sério. É eu também to lá ainda!
“Lá onde? Porra tenho que parar de beber”, pensou. E o seus irmãos como estão? “Se falar dos irmãos pode ser que eu lembre”.
- Irmãos?
“Puta que pariu”.
- Você continua um sarrista hein...
“Como ele me conhece tão bem e eu não lembro quem é. Vou falar pra ele que não tenho a mínima idéia de quem é ele”. Pois é continuo!
- Não vai mudar nunca!
- E a galera tem visto? “Isso se ele falar de um dos amigos eu mato a charada”.
- Não, e você?
“Tenho que acabar com isso”. Não também!
- É, mais é a vida né. Cada um acaba seguindo o seu caminho.
“E eu queria não ter pego esse”.
- Velho tenho que ir nessa...
- Pois é, eu também...
- Diz que eu mandei um beijo pra Paula.
“Paula? Mais que é Paula”. Digo sim.
- E vamos marcar alguma!
- Vamos sim.
- Você tem meu telefone né! Eu to com o mesmo ainda...
- Tenho, tenho... É aquele mesmo né...
- É você trocou?
- Não, não...
- Então eu te ligo pra fazermos alguma...
- Isso!
- Abração, foi bom te rever em Claudião! – E foi embora.
- Outro. Bom te ver também... “Claudião, espera aí mais eu não sou o Cláudio”.
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- Amor... Amor...
- Oi.
- Olha aqui pra mim.
- Eu to olhando! – Disse olhando para televisão.
- Você acha que eu engordei depois que casamos?
- Ãhm?
- Você acha que eu to muito diferente do dia que nos conhecemos?
- Não... Não... – Respondeu e continuou assistindo televisão. “Sim... Sim”, pensou.
- Então porque eu não consigo mais vestir as roupas de quando eu te conheci? – Perguntou já entrando em frente a televisão.
- Por que?
- É!
- Porque esta fora de moda, né amor. – Puxando ela para o lado.
- Tem certeza mesmo amor?
- Tenho. Tenho. Agora vai um pouquinho pro lado que eu to tentando assistir.
- Se você me conhecesse hoje, daria em cima de mim como deu na época? – Insistindo no assunto.
- Se eu daria em cima de você?
- É! Você me pegaria?
“Eu não ia agüentar”, isso foi o que ele pensou. Claro, sem pensar, o que ele disse. Agora posso assistir?
- Pode, pode... Ah só mais uma coisa!
- O que foi cacete...
- Já que você foi tão sincero comigo, você foi né!?
- Sim. – Disse. “Não”. – Pensou.
- Então eu vou ser sincera com você. Se fosse hoje em dia eu não teria te dado chance como eu te dei aquela vez. Você ta meio gordo, não sai da frente dessa TV, e ta ficando careca!
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Dois velhinhos deitados conversando.
- É véio a vida passou rápido né! – Comentou cutucando o velho.
- Oi?
- Ah vida passou rápido!
- É, fazer o que. Vai passar pra todo mundo né! – resmungou com os olhos já fechando.
- Vai mesmo.
Alguns minutos de silencio.
- Vivemos muita coisa hein...
- Vivemos, vivemos. – Disse tentando puxar pela memória.
- Lembra quando você me conheceu?
- Lembro. Claro que eu lembro. – Mentiu.
- Nenhuma das minhas amigas gostava de você. Disse que você não prestava pra casar. Que não tinha futuro.
- Eu achei que a suas amigas gostavam de mim.
- Não gostava nenhum pouco.
- É não da pra agradar todo mundo.
- Meus pais também não apoiavam muito também não.
- Ah não.
- Pra falar a verdade ele não iam muito com a sua cara.
- Ué, mais eles me tratavam tão bem.
- Tratavam na sua frente, mas quando você virava as costas desandavam a falar mal de você.
- Caramba pra você vê como são as coisas. – Já virando para o lado pra tentar pegar no sono.
- Meus irmãos então. Tinham um ódio de você!
- Seus irmãos?
- Tinham um saco de dar soco com a sua foto!
- Eu pensei que tínhamos uma relação boa.
- Eles se controlavam porque não queriam ir preso.
- Por isso nunca quiseram vir jantar aqui em casa. Achei que é porque achavam que você cozinhava mal. Uma pena, sempre considerei eles. – Lamentou e virou para o lado para o procurando o sono.
- Tivemos que sacrificar o meu cachorro porque ele tentava escapar pra te morder. Quando sentia teu cheiro ficava uma semana latindo sem parar.
- Porra mais ninguém gostava de mim mesmo hein. O que é que eles tinham contra mim? Nem me conheciam, e me julgavam tanto assim. – Reclamou sentando na cama.
- Pois é. Se eles tivesse vivido metade do tempo que eu vivi com você pelo menos teriam uma razão pra te odiar tanto. – Disse, virou pro lado e dormiu.
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- Olha nós precisamos conversar sério.
- Ih, o que foi que aconteceu?
- Acho que não da mais.
- Não, você não pode ta falando sério.
- To falando sério sim. Se não, não teria falado “precisamos conversar sério”.
- Faz sentido.
- Então como eu ia dizendo, não da mais. Acho que já chegamos no nosso limite.
- Não. Eu ainda tenho mais um pouquinho.
- Pouquinho do que?
- Disse, “chegamos ao nosso limite”, eu agüento mais um pouco.
- Mais eu não agüento mais.
- Eu vou me esforçar mais.
- Não, não é você...
- Se não sou eu, então quem tem que se esforçar mais é você!
- É acho que devia mesmo, mas é que eu não quero mais...
- Mas por quê? Vivemos tantas coisas boas juntos.
- Eu sei, eu sei... Porém vivemos muitas coisas ruins também.
- Mas pense nas coisas boas.
- Eu tento, mais aí vem as ruins e eu esqueço das boas.
- E as juras de amor?
- Eu tava com o dedo cruzado!
- E as promessas?
- Vão ficar no papel.
- E tudo que construímos juntos?
- Vai ser embargado...
- Eu não acredito. Não acredito!
- Não se preocupe você vai encontrar alguém melhor que eu!
- E se eu não encontrar.
- É daí eu já não sei! – Resmungou.
- Ãhm?
- Você vai encontrar. Vai sim.
- Se você me deixar eu vou pensar em me matar.
- Não pense, faça!
- Oi?
- Eu disse, não faça, não faça isso. Você é linda, inteligente, simpática.
- E porque você está me deixando?
- Porque?
- É?
- Boa pergunta...
- Foi alguma coisa que eu fiz?
- Não!
- Que eu disse?
- Não!
- É, então realmente o problema é você! Melhor terminarmos.