FESTAS POPULARES OLISSIPONENSES
I
Manhã quente e abafada, mês de Junho,
p’ las ruas e avenidas da cidade
meninas e meninos sem idade
e povo mais que muito como um punho.
É dia treze, tudo em pandemónio,
ninguém pregou o olho toda a noite
que a farra sob o nome de Sto. António
castigou todo o corpo num açoite...
Qual foi a Marcha ontem vencedora,
qual foi a Marcha ontem mais jeitosa,
digam lá, quem as viu, como acabou ?
Mas ninguém recordava ali na hora
pois, p’ lo ‘feito daquela noite airosa,
em todos, foi o Santo que ganhou !
II
Meu Santo, santantoninho,
não te vás embora já
bebe aqui mais um copinho
até chegar a manhã.
E meu povo foi dançando
p’ los passeios com carinho
uns a rir, outros chorando,
meu Santo, santantoninho.
Anda no ar suave aroma
bifana fresca acolá
ó meu Sant’ amigo, toma,
não te vás embora já.
Ali, ao fundo, na viela,
na cascata há rosmaninho
não receies a piela
bebe aqui mais um copinho.
Dizem qu’ o Santo deitou
o corpo no velho sofá
e com alguém dormitou
até chegar a manhã !
Frassino Machado,
AS MINHAS ANDANÇAS