Almoçando uma peruca...

Hoje sou divorciada, mas tenho na lembrança ótimas histórias com o meu ex-marido. A amizade e o carinho serão eternos. As gargalhadas idem. Esse grande "mico" aconteceu numa sexta-feira, no mês de Dezembro. Para comemorarmos nosso 10º aniversário de casamento, eu e o Marcelo fomos almoçar num restaurante chinês, muito conhecido na cidade. Escolhemos o cardápio sem grandes dificuldades: arroz com legumes e o tradicional frango xadrez com broto de bambu.

Não demorou muito e o garçom trouxe o nosso pedido. Estava fumegante e com um cheiro delicioso. Junto com a primeira colherada, meu marido, na época, encontrou um enorme fio de cabelo. A cor era exatamente um louro médio acinzentado (7.1), parecido com o tom da Imédia, da Loreal. Meio sem graça, o Marcelo chamou o garçom, pedindo, educadamente, para que fosse trocado o prato. Mais dez minutos de espera. O frango já estava gelado. Enfim, um outro prato de arroz chegou. Na primeira colherada, outro infeliz fio de cabelo foi encontrado! Dessa vez um pouco mais curto, com uma tonalidade bem mais escura do que a primeira. Quase um castanho acobreado. Comecei a rir, discretamente. Que situação embaraçosa! Chamamos o garçom e pedimos, novamente, para providenciar outra porção, mostrando o segundo motivo da insatisfação. Com fome, esperamos por mais dez minutos. O frango xadrez já estava listrado...

Enfim o garçom chegou com a terceira porção de arroz. Por incrível que pareça, na primeira colherada, mais um fio de cabelo foi encontrado pelo Marcelo, mas, dessa vez, curto e branco. Devia pertencer ao avô dos anteriores. Para variar, eu tive um homérico e incontrolável ataque de risos vendo o Marcelo tentar, sem sucesso, cuspir o fio de cabelo que estava enrolado num pedaço de vagem. Um ataque de nervos, naquela situação, foi inevitável. Ele bateu as duas mãos na mesa e gritou para o garçom, que estava do outro lado do restaurante: “Escuta aqui moço, quem é o dono desse salão de cabeleireiro, hein? Eu pedi um risoto e não uma peruca!”

As outras pessoas não continham as risadas e eu, para variar, dei vexame com minhas gargalhadas. Fiquei imaginando o que serviriam se tivéssemos pedido macarrão cabelo de anjo... aquela cena parecia não ser de verdade!

Levantei da mesa com a maior dificuldade, tamanha a crise de riso que eu me encontrava. No final das contas, o Marcelo também não se conteve. Por fim, saímos daquele restaurante chinês com uma “fome de cão” E detalhe: cobraram a conta do mesmo jeito. Sem descontos e nem desculpas. Não é inacreditável? Coincidência ou não, dali uma semana, o tal restaurante foi interditado pela Vigilância Sanitária. Vai saber o que encontraram por lá ! Eu, hein? Tô fora...