A PEPITA DE OURO
Para tomar "umas" e comer à custa dos outros, Chico de Nêgo Pinto fazia de tudo e armava cada uma mais capciosa que a outra. Certa vez em nossa cidade chegou um ourives afamado, Seu Manoel Jovelino, que era muito conhecido por vender e também comprar ouro em toda a região.
Chico de Nêgo Pinto o vê num restaurante tomando uma cerveja para almoçar e resolve dá lhe um golpe para “filar” alguns goles de cerveja ou quem sabe até o almoço. Nisso encosta de mansinho, fingindo-se de tímido e humilde:
-“ Bom dia doutor! Posso tomar chegada?”
-“ Pois não! Diga o que manda?” (perguntou Seu Manoel)
Chico arrasta uma cadeira e vai logo iniciando o seu golpe.
- “Sabe o que é seu Manoel? Eu ouvi dizer que o senhor compra ouro. Eu queira saber se o senhor comprava uma pepita de ouro bem grande?”
O velho ourives ouvindo aquele homem simples falar de uma pepita de ouro, ficou curioso e em sua mente antecipou um negócio vantajoso com o mesmo e mudou o tom da conversa:
- “Sim, eu compro ... Seu Zé! traz ai um copo para o nosso amigo aqui e trás um prato para ele também!”
Enquanto Chico, esperto, ia se servindo. Seu Manoel começava o interrogatório sobre a tal pepita:
- “Me diga ai! Como é essa pepita?”
Chico já de boca cheia, apenas encosta o dedo polegar com o indicador, dando uma idéia do tamanho da pepita. Seu Manoel vendo aquela bitola (quase do tamanho de um ovo) se interessa ainda mais:
- Sim, meu filho, e pesa quanto?
Chico dá um gole na cerveja e responde:
- Uns cento e cinquenta gramas!
Seu Manoel: “Vixi... é grande viu?”
Seu Manoel fica ansioso para fazer negócio, mas prefere aguardar o rapaz terminar de comer para verificar melhor a origem da enorme pepita. Terminado o almoço, o comerciante volta a conversa:
- Diga lá moço! E essa pepita. Como você conseguiu?
Chico na maior cara de pau responde:
- Não, Seu Manoel... Eu estou só me informando. Pode ser que um dia eu ache uma dessas e ai já sei quem compra!