O AZARADO DE GOROBIXABA (Aleixenko Oitavo)

O AZARADO DE GOROBIXABA

Desgraça pouca é bobagem.

O PINELENKO não morava perto do aeroporto, MONTI DI MERDI. Nunca voou de avião, nem pretendia voar, tão pouco sabia que esse bicho caía sobre casa de gente.

Foi muito azar, mas o coitado morreu como um passarinho, de asa quebrada, a asa do avião caiu sobre sua cabeça e não deu outra, foi pá-bife, e adeus PINELENKO.

Agora, lá nas profundezas do inferno.

Ele pensava:

“Naquela maloca tinha e tem tantos casebres, mas o miserável do avião tinha justamente que cair no seu barraco, por que não caiu encima do barraco e da cabeça do vizinho? Que merda! Do jeito que as coisas andavam se um urubu cagava, não dava outra, era sobre sua cabeça. Se uma jaritataca mijava, no mínimo ele estava por perto, mas também quem mandou ele nascer no dia 29 de fevereiro”.

“De mais a mais, definitivamente ele não tinha sorte. Na única vez que ganhou no jogo do bicho, aquela mixaria, foi um pandemônio, e olha que ele nem recebeu o prêmio, e tomou uns catiripapos da policia, dormiu no xilindró, ficou sem janta, ao chegar em casa foi aquela quizumba e quebra-quebra com a mulher. Na outra vez que foi sorteado, foi numa loja de eletrodoméstico, na qual havia comprado fiado um ferro a vapor, e o cupom que te deram foi premiado, mas ao ir receber, nada mais era do que um barbeador elétrico, e ele nem barba tinha. Vendeu-o por uma pechincha. Nem sabia que estas merdas têm garantia, portanto não a pegou quando recebeu o aparelho”.

“A geringonça pifou e o comprador veio atrás de conserto ou o dinheiro de volta. A garantia ele não tinha, o dinheiro tinha gastado, como consertar o troço? Novamente foi parar na delegacia, novamente apanhou da policia, dormiu no chão frio, ficou sem comida, e o que é pior, desta vez apanhou da mulher e do comprador do barbeador. Parece mentira, dias depois por não pagar a prestação do ferro a vapor, a justiça levou o eletrodoméstico e ele, literalmente, levou ferro, dormiu no xadrez, ficou sem comer e novamente levou uma taca da mulher”.

“Ele já estava conformado, tinha certeza que se avião caísse sobre à casa do vizinho, este não sofreria nada e ainda seria indenizado, mas se morresse ia direto para o céu”. E ele ali no caldeirão de merda do capeta, com bosta até o pescoço.

De cinco em cinco minutos o aviso:

- Olha a foice!

(novembro/1998)

Por ALEIXENKO OITAVO, Primeiro Ministro de Gorobixaba

Corte de Gorobixaba
Enviado por Corte de Gorobixaba em 15/06/2011
Reeditado em 16/06/2011
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