SEU VAVÁ E O BARBEADOR

Cheguei cedo à casa de Seu Vavá. Nós tínhamos combinado sair de madrugada para João Pessoa. Eram três horas. O velho político já estava acordado, mas encontrava-se numa “pelenga” com Neuza – sua segunda esposa. Ela queira que seu Vavá tomasse um banho e ele resistente dizia: “ Nesse frio!... nem que fosse pra remédio!”

Mas a barba, ele estava fazendo. O curioso é que era sentado à mesa com uma bacia com água entre as pernas, em um tamborete ao lado uma saboneteira, uma tolha sobre os ombros e se barbeava olhando-se para um retalho de espelho que estava escorado na garrafa de café. Fiquei intrigado com o fato de seu Vavá está com um saco plástico, destes de biscoitos, cheinho de barbeadores descartáveis – tinha de todas as cores e marcas. Ele passava um, isolava no canto da mesa e pegava outro. E assim ele ia passando vários no rosto sem que obtivesse muito resultado no barbear. Eu não agüentei e falei:

- “ Seu Vavá, compra um barbeador novo desses ai! É baratinho, não custa nem dois reais!”

Ele olhou sério pra mim respondeu, meio ríspido:

- ”TEM UM NOVINHO, MISTURADO COM ESSES OUTROS... EU TOU É EXPERIMENTADO PRA VER QUAL É!!!”

Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 02/06/2011
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T3010779
Classificação de conteúdo: seguro