Drácula e os Impostos Federais
Naquela noite o Conde Drácula estava faminto. Um dia inteiro dentro do caixão mete fome em qualquer imortal. Pelo menos ele ia e vinha dessa tendência de se manter vivo nas lendas com o maior descaramento. Sentia-se uma criatura incomum, todavia ligada a todos pelo mesmo desejo de retorno ao mundo dos vivos. Talvez devesse ir à missa ou virar budista. Levaria isto em consideração.
Mal podia imaginar o que lhe esperava. Saiu do caixão com uma fome de anteontem. Havia sonhado com aquela figura sempre disponível na praça pública. Um sujeito baixinho e orgulhoso que havia feito história do Brasil no Brasil. Mas como desconhecia o mérito daquele homem (pouco importava. Sugaria qualquer tipo sanguíneo) lançou-se vorazmente na sua estufada jugular.
A estátua de Vargas em bronze permanecia altiva na Praça que leva seu nome. Ninguém sugaria seu sangue. Drácula sentiu nos dentes e nos ossos o impacto do bronze. Retirou-se cabisbaixo murmurando:
- É melhor entrar na luta favorável aos impostos daninhos com trilhões de arrecadação. Assim sugarei o sangue da grande maioria até com prótese!