O FOTÓGRAFO EM GOROBIXABA

O FOTÓGRAFO EM GOROBIXABA

No governo antecessor ao atual de Gorobixaba, havia uma crescente necessidade de mão-de-obra, para o desenvolvimento do reino. Para suprir este déficit os governantes incentivavam à natalidade. Mas se a coisa não fluía pelo bem usavam da força legal. Para tanto criaram uma lei que obrigava os casais a terem no mínimo dois filhos. A lei dava uma tolerância de cinco anos. Terminado esse prazo o governo tomava as providências necessárias e cabíveis. Quase sempre na forma de um agente reprodutor.

NORMALYSSON e BATE-SEBA, um casal sem filhos dialogava:

- Querido, hoje completamos o quinto aniversário de casamento!

- É infelizmente ainda não tivemos um herdeiro.

- Será se “eles” vão enviar o tal “agente”?

- Se enviarem não podemos fazer nada. Vou para o trabalho.

Logo após a saída do marido, batem à porta. A mulher abre e dá de cara com um homem. Ela não sabia, mas era um FOTOGRAFO que se enganara de endereço.

- Bom dia, eu sou...

- Ah, já sei... pode entrar...

- Seu marido está em casa?

- Não, ele foi trabalhar.

- Presumo que ele esteja a par...

- Sim, ele está a par e também concorda.

- Ótimo, então vamos começar?

- Mas já? Assim tão rápido?

- Preciso ser ligeiro, pois ainda tenho cinco casais para visitar.

- Puxa! O senhor aguenta?

- Sim, aguento porque gosto do meu trabalho. Ele me dá muito prazer.

- Como vamos fazer?

- Permita-me sugerir: uma no quarto, duas no tapete, duas no sofá, uma no corredor, duas na cozinha e a última no banheiro.

- Nossa!!! Não é muito?

- Minha senhora; nem o melhor artista da nossa profissão consegue na primeira tentativa. Numa dessas, a gente acerta bem na mosca!

- O senhor já visitou alguma casa neste bairro?

- Não, mas tenho comigo algumas amostras dos meus últimos trabalhos. Veja estas fotos. As crianças, não são lindas?

- Como são belos esses bebês! O senhor mesmo quem fez?

- Sim. Veja esse aqui. Foi conseguido na porta de um supermercado.

- Nossa!!! Não lhe parece um tanto público?

- Sim, mas a mãe era artista de cinema e queria publicidade.

- Eu não teria coragem de fazer isso...

- Este aqui foi dentro de um ônibus.

- Que horror!!!

- É. Foi um serviço dos mais duros que eu já fiz.

- Eu imagino...

- Veja. Este foi feito num parque de diversões em pleno inverno.

- Credo! Como o senhor conseguiu?

- Não foi fácil. Como se não bastasse a neve caindo, havia uma multidão ao lado de nós. Eu quase não consigo acabar...

- Ainda bem que sou discreta e não quero que ninguém nos veja.

- Ótimo, eu também prefiro assim. Agora se a senhora me der licença, eu vou armar o TRIPÉ.

- Tripé? Para que?

- Bem, madame. É necessário. O meu aparelho, além de pesado, depois de pronto para funcionar, mede um metro.

BATE-SEBA desmaiou.

(maio/2011)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 27/05/2011
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