O PADRE ESQUECIDO
Festa de Nossa Senhora das Mercês. O padre, recém ordenado estava muito empolgado. O pároco da Paróquia era seu amigo e o convidou. Foi ele de Belo Horizonte para a grande festa em Nova Lima. Ele havia sido encarregado de fazer a homilia do dia da festa. Chegou-se para um seminarista e perguntou se ele conhecia a invocação à N. Sra. Das Mercês. Diante da negativa do seminarista, o padre resolveu procurar nos livros para não passar vergonha. Pois bem, procurou, procurou e encontrou apenas um simplíssimo resumo. Leu e pensou: ah, ta bom.
Lá se foi ele, feliz da vida celebrar a grande festa. O seminarista que também havia lido o resumo foi junto. A igreja, lotada. Os fiéis sedentos por aquela homilia tão anunciada. O padre, com sua túnica nova, branquíssima, invejável. Começa o sermão. E Maria, a mãe de Jesus, sofreu com sua morte.... (e nada dele se lembrar sobre N. Sra. Das Mercês). Continuava: porque Nossa Senhora foi isso, foi aquilo e nada vinha em sua memória sobre o resumo da homenageada. Em um determinado momento olha para o seminarista, no quinto banco, sentadinho, assistindo àquele sermão vazio, pois enquanto ele falava, pensava no resumo que havia esquecido e não articulava bem as palavras. Seu olhar como que pedia: socorro, me ajuda, sopre alguma coisa. Como não tinha jeito do pobre seminarista ajudar, pois ficaria feio, esquisito e não soaria bem, alguém gritando no meio da igreja, o padre, já sem o sorriso do início da missa e sem o entusiasmo mostrado, e ainda sem saber por onde prosseguir ou terminar sua fala, deu o golpe fatal na homilia, quando, após uns segundos de silêncio, gritou bem forte:
__ Viva Nossa Senhora das Mercês.