A COBRA E O GAGO

Tião de Seu Honorato mora no Sítio Ermo (em cima da serra, a 13 km de Triunfo). Estava ele no roçado próximo a sua casa fazendo a limpa do milho, quando ao fazer as suas necessidades fisiológicas numa moita ali perto (costume da roça), uma cobra jararaca lhe morde, infelizmente na parte mais íntima de sua masculinidade. Talvez pelo susto, escurece-lhe logo a vista e ele grita pelo parceiro e primo, Joaquinzinho, que apesar de gago é muito esperto. Tião lhe pede encarecidamente que ele pegasse a burra no terreiro e fosse correndo à rua, na farmácia de Doutorzinho e contasse que ele havia sido mordido de cobra. Pedisse-lhe as orientações de como fazer para combater o efeito mortal da peçonha.

Joaquinzinho mais que depressa desceu a serra na burra da mão torta, que parecia conhecer decorado cada buraco daquele trajeto. Chegando à cidade, cansado, conta com dificuldade a história a Doutorzinho, que lhe diz:

- Volte correndo... vou arrumar o soro antiofídico e vou lá aplicar. Mas antes, chegando lá, chupe no local da mordida da cobra pra tentar retirar o sangue periférico.

- Joaquinzinho volta, já sem a mesma pressa.

Chegando em casa Tião já abatido e suado, pergunta desesperado:

- “E lá Joaquizim... o que foi que o homi falou?”

- Joaquinzininho com o olhar triste, respondeu:

- “E –E- Ele di- di -disse que tu- tu va -va –vai MORRER!!!”

Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 19/05/2011
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