BORA, ÔXENTE!

Ir-me embora pra passárgada?

Mas é claro que também já pensei!

A caminhar pela estrada

Do tudo que um dia sonhei!

Decerto que lá há a poesia,

Dos versos dos veraneios...

Tão longe desta agonia,

De viver entre tiroteios!

Quem sabe lá do rei os amigos

Não sejam só os puxa- sacos!

Ao povo haja só bons ouvidos,

Ao tudo que aqui tem de errado.

Se reinado aqui é relativo,

E ao povo:- sómente o engodo!

O rei lá não tenha umbigo!

Passárgada seja a voz do povo.

Pensando bem, outro dia...

Eu tive uma grande ideia!

De ir-me desta agonia

À cidade que existe nas telas.

Só cenário de bela natureza

Aonde quem manda é o cangaço!

Donde a minguante realeza,

Já dá sinais de cansaço...

Alí tudo é só fantasia...

Tem rei...mas também tem forró!

Tem festa de noite e de dia,

Ôxente, bora é pra *Brogodó!

*Nota: nome da nordestina cidade cenográfica da produção novelística Cordel Encantado.