O fantasma e a campainha.
Era noite de sexta-feira.
Talvez fosse dia 13, mas se não era, deveria ter sido...
Não era meia-noite mas tinha tudo pra ser...
Eu estava sozinha em casa, completamente sozinha,
Como estivera na noite anterior e nos últimos vinte dias,
E como estaria por pelo menos mais uma semana.
Já estou acostumada e não me importo em ficar só
E nem tampouco tenho medo.
Mas naquela noite algo estranho aconteceria.
Eu estava deitada no meu quarto vendo tv
Quando a campainha tocou.
Levantei prontamente e abri a janela
de onde poderia avistar o portão
Com certeza seria alguém que precisava de medicamentos
(sou proprietária de uma farmácia e minha casa fica nos fundos dela).
Mas não vi ninguém no portão.
Pensei contrariada: será que a pessoa está esperando na frente da farmácia?
Fui ver e não havia ninguém lá.
Irritada voltei a me acomodar na gostosa cama pra ver a novela.
Mas outra vez a campainha tocou...
E ninguém estava lá.
E outra vez...
Levantei e fui à rua tirar essa historia a limpo,
afinal um engraçadinho ou crianças estavam com uma brincadeira muito sem graça!
Alguns jovens que conversavam na calçada me disseram que ninguém estivera tocando a campainha.
Duvidei, e entrei disposta a descobrir.
Apaguei todas as luzes e fiquei escondida num ponto estratégico.
De lá veria o braço do engraçadinho apertando a campainha.
E foi então que eu a ouvi tocar...
E ninguém estava lá com o dedo no botão!
Ninguém!
O medo quis assolar os meus pensamentos
Mas eu resisti.
Fui até o meu escritório, subi numa cadeira,
E munida de tesoura, cortei o fio da campainha.
Lancei a caixa barulhenta sobre a minha escrivaninha
Com o desafio:
Se você for macho mesmo, seu fantasma,
Toca a campainha agora!
E voltei a assistir a televisão, sentindo-me uma vencedora
(Mas, que ninguém me ouça, morrendo de medo que ela tocasse!).
No dia seguinte o técnico me disse que era mal contato no interruptor!!
Nem tudo o que parece é!!!
Lídia Sirena Vandresen
12.11.09