Entrevista Psicografada – Tom Jobim
Eu, Mi Guerra, repórter exclusiva (e única) da Revista Laje a Laje, consegui um furo, que ninguém mais conseguiria! Uma seção mediúnica com o poeta, compositor, cantor e mestre, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, vulgo Tom Jobim.
MG: Tom, quanta honra! Nem acredito mesmo que seja você, por favor, me dê uma prova??
TJ: Olha que coisa mais linda mais cheia de graça...
MG: Nossa! É ele mesmo! Mas então, gostaria de saber o que o senhor nos diria a respeito do que andou fazendo aí do outro lado?
TJ: Olha, quando eu cheguei no céu, o pessoal por lá ainda estava em festa pela chegada do Ayrton Senna e até me chamaram para tocar o Tema da Vitória num piano de calda lindíssimo que eles têm por lá. Foi realmente divino!
MG: E bota divino nisso! Tom Jobim tocando piano pra Ayrton Senna! Quanta estrela nesse céu!!! Mas voltando à entrevista, como realmente é por lá? O que os anjos e almas fazem?
TJ: No começo foi tudo uma maravilha! Eu era simplesmente o ídolo deles né! Eu era chamado para todos os eventos, festas, shows, enfim, tudo era comigo, uma verdadeira celebridade celestial, mas as coisas mudaram pouco mais de um ano depois...
MG: O que mudou?
TJ: Ah, minha cara, a tal da banda “Mamonas Assassinas” chegou por lá! Impressionante a bagunça que aqueles meninos conseguiram fazer! Até Ayrton, que sempre estava cantarolando minhas poesias, resolveu cair na irreverência deles! Fui esquecido, completamente!
MG: Nossa, Tom!! Mas como o senhor fez pra contornar a situação?
TJ: Bem, eu tive que me conformar! No começo eu fiquei literalmente no anonimato, até pensei em fazer uns bicos no coro celestial, mas acabei desistindo, pois um dos poucos instrumentos que eu não aprendi a tocar foi a harpa, e isso me prejudicou na hora da seleção. Mas o tempo foi passando e o pessoal meio que foi enjoando do curto repertório dos moços, já que eles não tiveram nem dois anos de carreira né, e aí, começaram a me procurar novamente, e coisa e tal.
MG: Hummmm, mas ainda hoje o público é bastante dividido?
TJ: Com os Mamonas não, aliás, eles andam tão sumidos, estou meio desconfiados que reencarnaram, mas nada concreto, são só especulações!! Mas sabe que eu mesmo andava meio enjoado de Bossa Nova? Até os criadores, de vez em quando enjoam da cara das criaturas...
MG: Mas o senhor não vai me dizer que mudou de estilo, vai?
TJ: Hahahahahahahahahaha! Claro que não, cara Mi, é que, de repente, levei um susto quando vi o Tim Maia chegando por lá! Ninguém havia me avisado da chegada dele! Mas eu adorei! Pelo menos eu pude ouvir algo mais soul, mais Black, mas solto...
MG: Mas Tom, o Tim não tirou sua popularidade, assim como os Mamonas Assassinas?
TJ: Um pouco sim, mas como os estilos são diferentes e o Tim já não era mais um rapazinho com carinha de anjo, assim como o Dinho, eu fiquei na boa, sem problemas, entende? Até tirei umas férias, sem me preocupar com o fundo musical lá do céu!!!
MG: Ah sim! Que bom! Mas me diga uma coisa, alguém já te irritou por lá?
TJ: Muito não, só um pouco! Foi o dia que chegou por lá o Mc Claudinho! O cara estava frenético, a única coisa que fazia era se chacoalhar com a mão no nariz e repetir algo como: tugudugudactundum, tugudugudactundum, tugudugudactundurum, tugudugudactundumdurum... Isso realmente me deixou um pouco estressado, mas nada muito grave! Só um pouquinho mesmo!
MG: E agora, pra terminar, diga-nos um desejo, algo que o senhor realmente queira...
TJ: Desejo, do fundo da minha alma, vida muito longa à banda Calipso, ao tal do Mc Créu, ao Belo, ao Calcinha Preta e, principalmente, ao Restart! Sério, que eles vivam, pelo menos duzentos anos, ou, até o meu reencarne! Por que se aquela Joelma me chegar aqui, dizendo que foi traída pela Lua, eu juro, vou pro inferno!!!