AOS FILHOS DAS MÃES:
Hoje é mais um domingo daqueles dedicados especialmente às mães, e claro, eu queria escrever algo sobre o assunto.
Porém, estava eu a pensar no que escreveria quando ouvi um discurso deveras engraçado, algo meio demodê, que descreverei mais a frente, e que mudou o rumo do meu texto.
Não queria cair naquele lugar comum de escrever que ser mãe é um estado de graça, embora realmente o seja, um estado de graça muito longe de ser engraçado, aliás.
Às que ainda não são mães eu diria que ser mãe é como atravessar um marco divisório na vida, ou seja, depois do grande fato, nunca mais somos as mesmas. Adeus sossego, mas quanta gratificação...
Ainda outro dia eu precisava apresentar um "curriculum vitae" numa empresa e lá na primeira parte da identificação do profissional resolvi inovar, posto que coloquei todos os meus dados pessoais e depois completei: Sou mãe.
Percebi que quem leu o "curriculum" se surpreeedeu, nunca tinha visto nada parecido, e por ser uma mulher ainda não mãe que o analisava, ela me questionou do porquê daquele meu informe.
"Muito simples", eu lhe respondi, ao me basear no fato de que meu maior e mais solicitante curriculum de atividade pessoal e de vida, embora mãe de filho único, até o presente momento foi o de desempenhar a função de mãe. Tudo muda depois disso, como se fosse um "plus" de vida.
Nada fácil na atual conjuntura de mundo, aonde tantas preocupações nos desnorteiam a nos fazer entender perfeitamente o tal dito "ser mãe é padecer no paraíso" embora, - menos!
Estamos bem longe deste mundão de hoje ser um lugar que lembre algum paraíso. Dizem que já foi, mas com toda permissão, será que foi mesmo? Difícil de acreditar, hein?
Contudo, a maternidade é absolutamente gratificante como experiência pessoal, de imenso valor amoroso agregado, posto que nos promove uma revoluçaõ interior avassaladora.
Depois de mãe, o mundo e os seus valores mudam totalmente aos nossos, antes, mais curtos olhares.
Lembro-me perfeitamente que quando voltei da maternidade ao trabalho, tudo em mim havia mudado ao toque duns poucos meses.
Minhas reações eram outras, minhas avaliações e impressões do entorno profissional e pessoal, minhas convivências, minhas ponderações, meus cuidados, enfim minha sensibilidade passara por uma incrível lapidação.
Porém, ser mãe é uma experiência única e pessoal, e vou lhes provar que é, agora sim, baseada num discurso dum padre, muito interessante aliás, eu diria um tanto pueril, o que ouvi hoje pela manhã.
Era a missa dos dias das mãe, pela rádio.
Então ele nos dizia:
"Hoje é o dia das mães, dia em que nenhuma mãe deveria trabalhar.
Os seus filhinhos deveriam lhes levar o café da manhã, e depois arrumarem seus quartos e suas camas. Hoje mãe nenhuma deveria preparar nem o almoço, nem o jantar. Deveriam sim ser paparicadas o dia todo".
Muito bem, sorri muito depois do discurso do padre e deduzi o seguinte: bem se vê que *Padre nunca foi mãe. Ou ele pedia por um milagre?
Ô "Santo pai" , parece que está mais do que na hora de mudarmos os nossos antigos conceitos de filhos, de mães e mesmo de pais! Helôo, como o mundo mudou!
É uma conclusão denotativa não apenas da *língua...mas de vida.
Bom, de toda sorte, com ou sem o conselho do padre, feliz dia das mães para as mulheres que trazem a maternidade no sangue e na alma, neste tão difícil, porém maravilhoso exercício de encaminhar um ser pelos mistérios da nossa existência.
Àquelas que para o todo o sempre serão mães dos seus eternos "filhinhos", deixo um terno abraço de mãe aos moldes antigos.
Já aos nossos filhinhos de vanguarda deixo um grande beijo das sofridas mães da modernidade.