JACA, EU?

Estava acabando de dar os últimos retoques num texto quando o meu ‘chiclete’ chegou e tentou me tirar do computador. Pedi que me desse alguns minutos; o chiclete lançou-me ao rosto: “ Você me prometeu que só ficaria uns minutinhos e já faz uns minutões que você está aí nesse tal Recanto das Letras...Já sei que tou frito!”

Começou a fazer barulho. Cantou, assobiou, tossiu, derrubou livros na estante, arrastou a cadeira...

- ODEIO ESSE RECANTO. Quando ela diz: “Vou entrar um pouquinho, já sei que vai sobrar pra mim”.

Quando viu que não estavam surtindo efeito suas estratégias, lançou sua última carta e essa foi fatal.

- JACA!

- Hãm? O que foi que você disse?

- Você tá parecendo uma jaca- os olhos brilhavam matreiros.

- Não acredito que você está me chamando de gorda – tentava me concentrar, mas as ideias viajaram num sopro e os erros que eu procurava esconderam-se TODOS debaixo das saias do computador.

O ataque continuou... Ataque, não, aquilo era bombardeio. Ora, eu olhava para o computador, ora, olhava para o atirador que sem dó e piedade me deixava em situação de risco.

- Gorda, não. VOCÊ ESTÁ COM UMA JACA NA BARRIGA!

Parei de digitar. Fiz uma cara de susto e ele me olhou com uma cara de inocência fingida. Concluí o texto nas carreiras, afinal a inspiração pegara um avião pro Japão. O chiclete assumiu seu posto, isso é, ficou no computador e eu saí de fininho... Olhando-me de cima abaixo, procurando a jaca da barriga.

Na dúvida, era melhor voltar a me pesar quando passasse por uma farmácia... Quanto ao lanche que eu pensara fazer ficaria pra outra hora...terminei optando por uma xícara de café sem açúcar.

02/05/11

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 05/05/2011
Código do texto: T2951676
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