FELIZES PARA SEMPRE...
Eu não classificaria a minha presente crônica como humor não fossem alguns ínfimos detalhes inusitados que percebi no casamento real.
Claro, não há como negar a beleza do acontecimento do enlace impecável que registra mais um ato de juras de amor no cenário da histórica monarquia inglesa.
Ali é como se os personagens saíssem dos livros para nos contarem suas histórias pelas ruas londrinas a provar aos meros casais mortais que final feliz existe na realidade, mesmo na da não realeza.
Antes, um breve prólogo: Quando a Lady Diana se casou eu tinha exatamente os seus mesmos vinte anos de idade, d esonhos e de plebeia.
Sou da mesma geração que sonhava como ela sonhou, aliás, acredito que tanto quanto todas as mulheres sonham e sonharão o sonho de um dia encontrar um eterno príncipe encantado que jamais vire sapo.
Porém, monarquias a parte, a história e o destino de qualquer enlace pode ser ilustremente anônima, tenha ele um final feliz...ou nem tanto.
Lembro-me que meu vestido de noiva, igualmente aos das noivas daquela geração , foi inspirado na mesma renda dita " Chantilly" algo parecido nos desenhos da renda inglesa do vestido de Kate, porém em conjunto com vastas e bufantes saias, mangas e cauda dum modelito em tafetá de seda marfim.
Foi o meu jeito de me sentir princesa por algumas horas.
Na minha época minha família questionava até o marfim, que não seria o branco das pudicas.Como a coisa mudou! Fui de branco, então.
Pois bem, hoje já é chique até casar antes do casório.
Mas me ative nas juras de hoje, nas tão clássicas promessas de fidelidade, a devoção , o "até que a morte nos separe" , (ou as lagoas) que coisa não?
Esse discurso , ainda mais nos dias de hoje, precisa mesmo de testemunhas, que hoje foram dois bilhões de expectadores. Difícil fugir de tantos ouvidos...e olhares.
Muito bem...unidos em todas as circunstâncias da vida...na pobreza e na riqueza. Prometem? Foi isso mesmo que ouvi? E não é qie prometeram? Ah, assim não vale! Se até nós por aqui prometemos...
É mesmo? Eu penso que foi um lapso do Abade, acho que para a realeza poderiam ter pulado o tal mico da miséria. Risco zero de Kate precisar fazer o tal sacrifício de promessa da nobre pobreza. Pode dormir tranquila a pobrezita!
Mas o que os homens aqui do pedaço adoraram mesmo foi o lançamento da moda de não usar alianças. Ah...que moda da hora...tô de olho...existe aliança de um? Que estranho.
Claro, me desculpem o realismo, aquele duma mulher que já não é mais candidata a princesa, Deus me livre e guarde disso, sinceramente, vai ser uma moda a facilitar os homens do mundo inteiro a não mais precisarem esconder as alianças naquela oportunidade em que elas chegam a atrapalhar. Que trabalho não?
Mas sabem, advirto que alianças também são fetiches femininos, atraem algumas mulheres solteiras e como os homens sabem disso.(!). Bem...vejamos:
De Lady Di para cá como o mundo real mudou,não?
A própria realeza hoje nos provou que tudo passa...e lá estava a elegante ex-amante Camila, hoje desposada pelo seu eterno e amado princípe Charles, junto aos seus enteados a desfrutar tranquilamente dum momento de paz e de glória real, quase "in memóriam" a quem já não pertence mais à realeza deste mundo realmente surreal.
Viva a História!
Vale ressaltar que sem Lady Di a festa de hoje não existiria e dedico minhas felicitações a ela.
Mas será que alguém pensaria no que já ficou para trás?
Se até a realeza absolve o amor proibido entre o cair da London Fog, quem seríamos nós, meros plebeus tropicais, para relembrar e polemizar os não tão felizes destinos dos Reis ou plebeus? Acontece.
Enfim...a sós...os recém casados...reais. Será?
No final dos atos, os sinos badalam, os sonhos exalam perfumes de flores do campo, a música soa no templo dos deuses, e enfim, hoje pudemos, em uníssono pelo mundo, ser figurantes das belas histórias de final feliz. Adorei.
Até que de súbito despertemos das páginas de cada história , pelas nossas tantas lagoas da vida real, aonde nossos sonhos negam enxergar os tantos príncipes que, a toque de caixa, já viraram sapos.
Parece até epidemia de anfíbios nos contos deste mundo tão alagado, tão irrealmente fantasioso.
Croac, croac, croac, croac..