LASANHA, SEM CULPA
O ser humano voltou a viver em cavernas.
Ah, esqueci de avisar: Estamos no século XXIII.
Viver na superfície é impossível. Nossos antepassados degradaram tanto lá em cima que a natureza finalmente se vingou. Há também um problema sério com o nosso Sol: dez minutos de exposição e as células da tua pele transformam-se em agentes tumorais.
O que ninguém imaginava lá no século XXI, durante a G.V.N (Grande Vingança da Natureza) é que os humanos sobreviventes seriam obesos. A explicação para este fato é simples.
Muitas pessoas morreram na construção das galerias e na abertura das cavernas. A maioria morreu de inanição, já que houve um grande racionamento de alimentos no mundo inteiro.
Os obesos tinham as suas reservas naturais e afora o sofrimento de reduzir a quantidade de calorias ingeridas, conseguiram sobreviver.
O que mais surpreende hoje em dia, é que nem os estudiosos do século XX anteciparam este fato. A despeito de a população daquela época caminhar para uma ¨epidemia de obesidade¨, os cientistas preferiam a hipótese de que isso era uma anomalia. O correto era sentir-se bem com o peso corporal calculado conforme tabelas arbitrárias.
Agora, passadas algumas gerações vemos que a Natureza fez o que era certo.
Pessoas vazias e magras, que valorizavam apenas a forma de seus corpos foram sepultadas com seus preconceitos.
Ex-obesos, principalmente os que fizeram cirurgia de redução de estômago tiveram um fim mais triste ainda. A reversão da cirurgia trouxe de volta uma voracidade alimentar sem precedentes. Estes morreram após um crescente sofrimento.
Reconstruir o planeta não vai ser fácil. Temos utilizado os magrinhos sobreviventes para os trabalhos mais insalubres. A massa cinzenta dos seres de baixa adiposidade corporal não é lá essas coisas.
Mas não fazemos juízo de valor sobre isso. O MMM (Museu da Moda Mundial), construído embaixo da cidade de Milão, ainda exibe modelos em cera do que era considerado saudável e fashion no ano 2000.
E nós visitamos este museu todos os anos. Vemos aquelas figuras macérrimas e oramos. Não vamos cometer o mesmo erro, PRECONCEITO É COISA DO PASSADO.