"Arrogante e prepotente; besta, não!"
Bem no comecinho de 2005, numa noite de festa, respirando fundo e compassadamente, estava me recompondo de um vexame público protagonizado por pessoa da família (bêbada) e o ex-namorado (com outra) - 'barraco' que eu tentara amenizar usando todas os instrumentos de uma canceriana com ascendente em gêmeos - quando uma amiga se aproximou, dizendo que uma 'pessoa' queria me conhecer.
Fiquei mais animada - gosto mesmo de conhecer 'pessoas' - e acompanhei Ana até sua mesa, onde se deu o seguinte diálogo:
Aninha: "Gina, este é P., P., esta é Gina."
P. e Gina (em avaliação mútua e mutuamente apertando as mãos): "Muito prazer, como está?" "Muito prazer, estou bem!"
P. (meio sorridente): "Então, você é irmã do Ênio? Gosto muito dele!"
Gina (meio coquetemente): "Quanta coincidência:também gosto muito do meu irmão!
P.: (meio imbecilmente): "Me disseram que você é muito besta."
Eu ouvi mas custei a crer. 'Que noite!', pensei, alongando o pescoço. O resto de angústia, tensão e aborrecimento, presentes desde o começo da festa, alimentou minhas três personalidades de forma distinta - se os irmãos gêmeos estão 'de bem' entre si, são dois racionais contra um sensível crustáceo de carne mole; se estão 'brigados', a racionalidade vai pro beleléu e eu quase sempre vou chorar no banheiro. Desta vez todo mundo se uniu.
Com calma refutei: "Acho se enganaram: arrogância é prerrogativa de quem sabe, prepotência é prerrogativa de quem pode. Eu me meto com o que sei e posso, assim, na verdade, sou arrogante e prepotente, besta, não."
E arrematei didaticamente: "Besta é a fêmea do burro ou um tipo de arma antiga."
(Eu fiquei pensando se ele sabia o que era 'prerrogativa', mas havia o contexto, certo? E Aninha me levou dali rapidinho...)
Assim o mote virou moda em terras jaguaribanas, e, por uns tempos, até comunidade no ORKUT.