AO DONO DA VINHA
Após anos de sucessivas e injustas acusações
Eu vim aliviar as perturbações de quem resguarda enciumado suas uvas
Tal como as chuvas que lhes dão o brilho e viço das feições
Eu vim com boas intenções, tocando com a leveza de quem usa luvas!
Pois nunca quis a remoção das digitais de seu real proprietário
E fui apenas um fiel depositário por insignificantes horas de empréstimo
Ofereci meu generoso préstimo, a fim de alegrar pomar tão vário
E apenas repeti o itinerário para evitar na linda uva algum protesto!
Não há razão de desagravo por dividir o seu vinhedo farto e nutritivo
E nem motivo para temer que seu reinado possa findar
A ética vive a me ensinar que devo respeitar os limites do perigo
E compreender o fogo amigo quando do fruto proibido desfrutar!
Se a uva busca minha fome, que por sinal não lhe rejeita - o que fazer?
Melhor compreender que a noite sempre há de reinar por sobre a lua
Tal como as vezes ela se insinua e permanece até depois do amanhecer
Preciso esclarecer: a uva que eu degusto ainda é sua!
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"A todos os irrefreados maridos, noivos e namorados que lotam minha caixa postal de protestos e acusações. Dou poesia em troca, pois tanta infantilidade mereceria de minha parte uma homenagem à altura"
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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