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NOVE OU DEZ? = ECComo vinha acontecendo há muitos anos, Mafalda recebeu mais uma vez a visita de três irmãs de seu ex-marido já bem idosas.
Ela se preocupava muito com essa visita. Fazia questão de mostrar que estava muito bem, que sua casa estava impecável e, sobretudo que seus filhos eram muitíssimo bem educados.
Quando estava casada com o irmão caçula muito mais moço e mimado por elas, tivera a preocupação de parecer a mulher perfeita, a melhor escolha que ele podia fazer, mas agora depois de mais de dez anos de separação não tinha mais nada que provar para elas, mas continuava a respeitá-las e sem nem mesmo saber por que, não se sentia muito à vontade na presença delas.
As crianças, já não tão crianças assim, tinham que se comportar. Nada de rir quando uma delas dissesse: “como o tempo passa!”.
Ha anos que faziam a brincadeira, adivinhar quantas vezes cada uma delas repetia o clichê.
▬ Será que elas vão dizer mais uma vez que eu estou crescida e admirar-se de que o tempo não tenha parado e eu já não seja um bebê?
A mãe ri:
▬ Pode até ser, mas nada de risadinhas, heim!
Gonçalo, o irmão de quinze anos lembra:
▬ No ano passado ela perguntou no ouvido da Mamãe se você já tinha ficado mocinha. Não queria que eu ouvisse, pensou que eu não soubesse o que era aquilo.
Lidia jogou o que estava mais a mão, um pano de pratos, na cara do irmão. Errou o alvo e o pano caiu dentro da panela que a mãe cozinhava.
▬ Sumam os dois daqui, gritou a mãe, vão se aprontar para esperar as tias e ai de vocês se não se comportarem.
E continuou mexendo a comida e lembrando das três ex-cunhadas.
Uma vez por ano, as três apareciam para visitá-la. Repetiam sempre que não queriam perder o contato, pois gostavam muito dela e adoravam os sobrinhos.
O problema é que eram de uma chatice insuportável. Muitas vezes uma se punha a contar algo que a outra tinha acabado de contar. Repetiam as mesmas frases que já tinham repetido no ano anterior e no outro e no outro.
▬ “Como o tempo passa”, parece que o Natal foi ontem e já estamos no meio do ano.
▬ As crianças cresceram (surpreendente seria se não tivessem crescido) “como o tempo passa”
▬ Quanto tempo faz mesmo que vocês se casaram? Tudo isso? “Como o tempo passa”!
O assunto se esgota. Um silêncio incômodo cai sobre eles e Mafalda procura alguma coisa para dizer, um graveto para animar a fogueira, mas, nada!
E as três sentadas lado a lado no sofá, olhando à sua volta, sem saber mais o que falar.
Mafalda quer animar a conversa, mas não sabe como. Elas não vão ao cinema, não leem, assistem televisão cochilando, estão completamente alheias a tudo que acontece pelo Mundo.
Tem uma vaga ideia de que elas faziam crochê, ou seria tricô?
Mafalda não era dada a trabalhos manuais e esse assunto também esgota logo.
Resolve perguntar pela saúde. Velho gosta de falar de doenças. É um assunto que até rende.
Os próximos minutos são preenchidos com sintomas de doenças, nomes de remédios e queixas do mau atendimento da Saúde Pública.
Mafalda percebe os filhos segurando a risada e tem medo de que eles não resistam.
Olha o relógio e pensa como tem hora que o tempo parece emperrar. Ainda é cedo para servir o chá. Faz poucos minutos que chegaram.
Lá pelas tantas, uma delas olha para o relógio na parede, mas não consegue ver as horas.
Pergunta:
▬ Que horas são?
Mais do que depressa o Gonçalo responde:
▬ Seis e meia. (não era nem seis ainda)
▬ “Como o tempo passa!”
Gonçalo cutuca a Lidia:
▬ Nove!
▬ Eu contei oito!
▬ Nove!
▬ Oito!
▬ O que é que eles estão falando?
▬ Bobagem! Eles estão sempre discutindo.
▬ E pensar que ontem mesmo estavam brincando com bonecas e carrinhos!
“Como o tempo passa!”
Este texto faz parte do Exercício Criativo – O TEMPO PASSA
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/tempopassa.htm
☺☺☺☺☺
MEMÓRIAS DO BUSCAPÉ = a sua novela virtual 14º Capítulo O DR. SILVINO
http://www.recantodasletras.com.br/contoscotidianos/2882049
Obrigada pela visita e comentário
NOVE OU DEZ? = EC
Ela se preocupava muito com essa visita. Fazia questão de mostrar que estava muito bem, que sua casa estava impecável e, sobretudo que seus filhos eram muitíssimo bem educados.
Quando estava casada com o irmão caçula muito mais moço e mimado por elas, tivera a preocupação de parecer a mulher perfeita, a melhor escolha que ele podia fazer, mas agora depois de mais de dez anos de separação não tinha mais nada que provar para elas, mas continuava a respeitá-las e sem nem mesmo saber por que, não se sentia muito à vontade na presença delas.
As crianças, já não tão crianças assim, tinham que se comportar. Nada de rir quando uma delas dissesse: “como o tempo passa!”.
Ha anos que faziam a brincadeira, adivinhar quantas vezes cada uma delas repetia o clichê.
▬ Será que elas vão dizer mais uma vez que eu estou crescida e admirar-se de que o tempo não tenha parado e eu já não seja um bebê?
A mãe ri:
▬ Pode até ser, mas nada de risadinhas, heim!
Gonçalo, o irmão de quinze anos lembra:
▬ No ano passado ela perguntou no ouvido da Mamãe se você já tinha ficado mocinha. Não queria que eu ouvisse, pensou que eu não soubesse o que era aquilo.
Lidia jogou o que estava mais a mão, um pano de pratos, na cara do irmão. Errou o alvo e o pano caiu dentro da panela que a mãe cozinhava.
▬ Sumam os dois daqui, gritou a mãe, vão se aprontar para esperar as tias e ai de vocês se não se comportarem.
E continuou mexendo a comida e lembrando das três ex-cunhadas.
Uma vez por ano, as três apareciam para visitá-la. Repetiam sempre que não queriam perder o contato, pois gostavam muito dela e adoravam os sobrinhos.
O problema é que eram de uma chatice insuportável. Muitas vezes uma se punha a contar algo que a outra tinha acabado de contar. Repetiam as mesmas frases que já tinham repetido no ano anterior e no outro e no outro.
▬ “Como o tempo passa”, parece que o Natal foi ontem e já estamos no meio do ano.
▬ As crianças cresceram (surpreendente seria se não tivessem crescido) “como o tempo passa”
▬ Quanto tempo faz mesmo que vocês se casaram? Tudo isso? “Como o tempo passa”!
O assunto se esgota. Um silêncio incômodo cai sobre eles e Mafalda procura alguma coisa para dizer, um graveto para animar a fogueira, mas, nada!
E as três sentadas lado a lado no sofá, olhando à sua volta, sem saber mais o que falar.
Mafalda quer animar a conversa, mas não sabe como. Elas não vão ao cinema, não leem, assistem televisão cochilando, estão completamente alheias a tudo que acontece pelo Mundo.
Tem uma vaga ideia de que elas faziam crochê, ou seria tricô?
Mafalda não era dada a trabalhos manuais e esse assunto também esgota logo.
Resolve perguntar pela saúde. Velho gosta de falar de doenças. É um assunto que até rende.
Os próximos minutos são preenchidos com sintomas de doenças, nomes de remédios e queixas do mau atendimento da Saúde Pública.
Mafalda percebe os filhos segurando a risada e tem medo de que eles não resistam.
Olha o relógio e pensa como tem hora que o tempo parece emperrar. Ainda é cedo para servir o chá. Faz poucos minutos que chegaram.
Lá pelas tantas, uma delas olha para o relógio na parede, mas não consegue ver as horas.
Pergunta:
▬ Que horas são?
Mais do que depressa o Gonçalo responde:
▬ Seis e meia. (não era nem seis ainda)
▬ “Como o tempo passa!”
Gonçalo cutuca a Lidia:
▬ Nove!
▬ Eu contei oito!
▬ Nove!
▬ Oito!
▬ O que é que eles estão falando?
▬ Bobagem! Eles estão sempre discutindo.
▬ E pensar que ontem mesmo estavam brincando com bonecas e carrinhos!
“Como o tempo passa!”
Mafalda lança olhar furibundo para os filhos e eles não dizem nada, mas Gonçalo mostra para Lidia as duas mãos espalmadas.
Este texto faz parte do Exercício Criativo – O TEMPO PASSA
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/tempopassa.htm
☺☺☺☺☺
MEMÓRIAS DO BUSCAPÉ = a sua novela virtual 14º Capítulo O DR. SILVINO
http://www.recantodasletras.com.br/contoscotidianos/2882049
Obrigada pela visita e comentário