O estranho caso de Ênio MacLooser-a continuação
Sou chamado "com urgência"Para a conversa fatídica com a Sra BodyPump,do RH.
Eu já sabia que a conversa seria difícil.Afinal,eu não tinha aceitado a incumbência de redigir a carta de demissão do Sr Fuckedup,atualmente na UTI do INCOR,após ser operado do coração.Em vão tentei argumentar que por lei o funcionário não pode ser demitido se estiver doente.O chefe de sua seção,o recém chegado da Espanha Sr Rompepelotas ,alegava que já estava de olho no funcionário,que não atingia as metas mínimas de sua seção.Rompepelotas sabia identificar um mau funcionário de longe.
O fa\zto é que o Sr Fuckedup tinha além de tudo cometido o despautério de ter um infarto gigante,o que piorou sua situação na empresa.Eu ainda tentei falar com Rompepelotas recorrendo à ética;ele me respondeu que não entendia o que as ilhas da grécia tinham a ver com o assunto.
A Sra Bodypump me recebeu friamente ;perguntou como eu estava,o que achava do meu trabalho,se vinha reportando minhas dificuldades nas reuniões de avaliação dos índices avaliadores.
Finalmente a pergunta:por acaso eu estaria insatisfeito com meu trabalho?Nutriria em meu foro íntimo dúvidas com relação à idoneidade da empresa?Gostaria de "nos"fazer algum reparo?
Como nos últimos minutos da vida,onde os fatos importantes desfilam em segundos pela mente do moribundo,minhas contas passavam em velocidade estonteante pelos meus olhos;percebi que transpirava muito,que começava a sentir de novo aquela sensação de que alguma coisa ruim ia acontecer.Lembrei do telefone do meu psiquiatra;não devia ter parado de fazer terapia.
Me sentia um ascaris;uma lombriga.As contas pra pagar,a patroa aflita com o final do mês...afinal,não era tão grave fazer o documento do Sr Fuckedup-não era eu que tinha decidido sua demissão.
Fim do dia,desço as escadas do Metrô:como uma lombriga,me entrego passivamente ao fluxo da merda.