O COVEIRO
Coveiro por profissão, alto, magro e albino. De poucas palavras, olhar pacato e muito sereno. No dia anterior havia se esquecido de afundar uma cova, por isso foi para o cemitério mais cedo que o previsto. O serviço acabou rapidinho, mas não podia sair enquanto o velório não chegasse. Era madrugada ainda, ele sabia que teria que esperar muito. Já angustiado, resolveu colocar a cabeça por sobre o muro. Naquela hora passava por ali algumas mulheres que iam para o trabalho. Sem delongas perguntou para uma delas “quantas horas moça?” Todas começaram a gritar, uma chegou a desmaiar e todas testemunharam na rádio local que naquele dia viram assombração de verdade, de carne e osso.