CONTO BESTA: METT MANDIOCA - ALAVANCA DO PROGRESSO
Marinilda (28 anos) andava bem tristonha. Buscava solução. O seu amado Cleidison (30 anos) andava murcho e cabisbaixo também no seu capixaba e ele nem era cangaceiro, nem espírito-santense. Era bem paulistano e de cobertura herdada no Morumbi.
O casal tinha como vizinho um autointitulado umbandista e leitor de ocultismo do livro de bruxaria, de capa de aço, de S. Cipriano. Seu nome Mett Mandioca (do vizinho). Ele era desses caras que promete mundos e fundos e o diabo a quatro, que apronta tudo de uma vez num pacote de despacho e anti-despacho, e desfazia amarração. Isso, pra quem pagava bem e ainda fazia desconto (tipo muito político). Ele se gabava ainda, o calejado Mett Mandioca (45 anos) dizendo ter uma alavanca do progresso para todos os males moles e fraquezas afins do gênero.
Mas todo mundo entendido no assunto dizia que era falta de respeito do Mett Mandioca, macaco velho, que se achava, pois umbandista de verdade não faz isso e nem é despachante oficial, e detesta ser funcionário público. Isto é, Mett Mandioca era um farsante que comia fruta alheia.
Bem, fazê o quê? Tem gente que desesperada acredita em tudo.
Ela, Marinilda aconselhada por uma amiga, a Rosineide, foi a uma consulta do cara Mett Mandioca, que fazia qualquer trabalho. Tem sempre uma amiga da onça ou sem onça xeretando vida alheia que dá palpite e na hora do aperto da amigona, quando a boiada estoira cai fora.
Deixando de prosa mole vamos ao causo.
O tarzinho de nome Mett Mandioca, pro trabalho pediu os seguintes ingredientes:
- Galo preto e galinha branca, tipo urubu sem penas no pescoço. Ambos vivos para imolação.
- Duas garrafas de cachaça da melhor.
- Uma mandioca bem gôdinha e fresca.
- Duas dúzia de velas vermelha (cor de sangue que circula pelas veia de musculo amolecido e empina ele).
- Duas agulha de coser destino.
- Lençol branco e lenço preto de cabeça.
– 1 kg de arroz branco.
- Uma barra de rapadura marca viagra do Nordeste.
- Um pássaro keru-keru vivo, numa gaiola.
- Uma manga madura.
- Colar de alho.
Por outro lado esse negócio de cor black and white, em opição pra galináceo, o cara, o tar de Mett Mandioca dizia ainda que espírito era daltônico, não distinguia cor. Mas que ele tinha de estar ligado com o politicamente correto e que os tempos eram outros, blá, blá, blá, e tinha de manter a (ri) puta-são de não discriminar ninguém. Nem mesmo galinha, nem galo, nem cabra-macho ou cabra-fêmea.
Depois, ele foi dizendo prás duas fulana que era tudo urucubaca de uma loirona vizinha, galegona gostosa, lábios ventosa (schwepesss), seios em botãozão firme, sem silicone, cintura de pilão e de bunda empinada que tinha tudo, só faltava falar. Chiar sabia. Falação só de frente, cara a cara sem judiação. A galega altona, perna grossa, tinha se mudado (faz pouco) pra vizinhança e tinha ciúme da felicidade dela, Marinilda.
Na consulta, Mett Mandioca sussurrava girando olhos em pseudo-transe tirando as medida da galera para espanto das duas visada.
Mett Mandioca, mais foi dizendo que pra fazer empiná o trem do seu Cleidison, além dos ingredientes, Marinilda tinha de vir sozinha na segunda sessão pois espírito não gostava de intrometidas (aludindo a Rosineide) e que número 3 era ímpar dava azar. Tudo tinha de ser par. Até mandioca.
Dias seguintes, Marinilda, com todo o material pedido foi ter com Mett Mandioca que lhe disse que tinha de fazer um ritual para passar potência da mandioca fresca pra mandioca de seu Cleidison, metaforicamente falando.
Para isso e tal, Marinilda (trouxe manga madura) tinha de fechar os olhos, pegar na mandioca fresca, com uma mão, e com a outra pegar no Mett Mandioca comendo a fruta dela. Depois, ficar de 4 em oração pro - nobis e deixar-se levar pelo espírito da mandioca. Dito e metido, digo, e feito, Mett Mandioca lá foi fazendo o sacrífico, da transmutação do poder da mandioca, pro seu Cleidison sujeitando Marinilda desenfreadamente pelos cabelos dela, e esta clamando pelo seu Cleidison.
Na finalização havia um detalhe bem sincronizado e importante:
- Mett Mandioca com a boca na fruta dizia manga, o pássaro assustado na gaiola cantava keru-keru, e Marinilda teria de responder alho, para o ritual fazer efeito em casa dela, naquele exato momento.
Era a invocação mágica da vida, dizia filosoficamente Mett Mandioca, pois repetida três vezes: manga - nome do pássaro – alho - era pra enviar força à distância voando pelo éter até dar sopro na cabeça de seu Cleidison estivesse onde estivesse.
O resto da história, não sei como acabar. Acabe quem lê se quiser! Somente recebi a informação, posterior, que a Marinilda levou com mandiocadas até implorar basta. Mulher casada e apaixonada sofre e faz qualquer sacrifício por seu amado!
Se a receita deu resultado? Sei não!
Mas deu para Marinilda saciar fome com mandioca. No entanto seu Cleidison ia ficando mais testudo cada vez que havia sessão da tarde de Mett Mandioca e – sua(ndo)- querida Marinilda.
Ué, quem sabe seu Cleidison recebia sopro de testos – terona, como ensino à distância?
E agora me mandei. Pois nem estou mais aí nem quero saber de maldições de mandioca. Eu heim! Meu time é outro, do ying-yang e na paz sem bruxedos! Fuiii!
N.B: Este conto besta serviu para alertar e introduzir Mett Mandioca no recanto (a personagem), em prol da cultura da boa fruta e da mandioca, bem brasileiras. Saravá!
Adenda: Este conto é ficção. Qualquer semelhança com a vida real é pura coincidência. Não tentar nada do descrito. Não nos responsabilizamos por danos colaterais.
K.X© Inédito: 15/16.03.2011 – terça/quarta-feira – 21:48/4:56
AGUARDEM NOVO EPISÓDIO: METT MANDIOCA e a GALEGONA.