COISAS DO TIO GU - X (continuação)
DE COMO PEGUEI GOSTO PELOS VERSOS – (continuação)
Como a gargalhada do Tio já me angustiava, resolvi retrucar:
- Ah, é? Também tenho uns versos pra você:
O momento é momentâneo
o instante é instantâneo
eu não sei o que pensar
quando o termo é cutâneo
E ele, vermelho: - Então me responda rápido:
A estática vem de estátua
e a tática vem do tato?
a gramática vem da grama
e a matemática do mato?
- Não sei. Quero ver se é bom de verbos:
Se o executor executa
se seduz o sedutor
se o construtor constrói
o que faz o locutor?
locuta, locuz ou locói ?
- É, lourinha. Por que não simplificar, não é?
No arremêdo eu arremédo
no azêdo eu azédo
e agora que aprendi:
no brinquêdo eu brinquédo...
E foi assim, nas brincadeiras com o Tio Gu, que hoje pra mim é normal me pegar pensando:
Se eu tranço a minha trança
e balanço a balança
porque eu não canjo a canja
e não laranjo a laranja?
Já não sei se brinco, brinqueio ou brinquédo com as palavras. O importante é brincar, pro que é doce não azedar.
Senão:
O cálido cala
o árido ara
a barbárie faz a barba
e a cárie lava a cara.
Desnecessário dizer que dei um nó na cabeça do Tio Gu, não é? Até hoje se preocupa com a minha sanidade.