MARIA FUDANGA
Lá vai Maria Fundanga. Lá vai espalhando seu odor.
- Foges da chuva, Maria? A água te fará um bem daqueles!
Maria foge de gente que a ameaça com a palavra líquida.
Sai tropegante, andar errante. Olhar esquisito, boca espumante.
Lá vem Maria Fundanga. Esperta pra caramba.
Logo que encontra porta aberta encosta e vai logo pedindo, então:
- Tem um moedim aí, pra dá pra e eu?
-Pra e eu não, Maria. Você precisa prestar atenção!
Lá está Maria Fundanga arrastando-se atrás de entulhos.
Os filhos só querem vê-la quando está com o aposento no bolso.
E Maria com seu perfume da hora, fazendo até urubu desmaiar,
Vai enchendo as sacolas com o que no lixo achar.
Lá vai Maria Fundanga, entrando no casebre frio.
Casa cheia de Pet, papel, lata e qualquer troço velho.
Tudo encontrado e guardado com brio.
Fujo dela sem dá um pio.