Os Diaálogos Fantásticos do Mestre Espiritual Topim di Brasilondonês/Episódio: "A beira do Lago Lindo !"

Era uma bela manhã de primavera e nisso estava o Mestre a beira de um lindo lago a pescar. De repente, sem ele perceber, um homem tinha se aproximado das margens do lago e sua fisionomia expressava tristeza. O mestre ficou apreensivo com o estado de tristeza que encontrava a alma daquele homem. Certo momento percebeu o Mestre que tinha peixe fisgado no seu anzol. Retirou-o das águas do lago. Era um lindo peixe azul, de rara beleza, e, para a sua alegria, uma espécie que já tinham dado como extinto. Aquele homem ficou a olhar o que o Mestre estava fazendo. Resolveu se aproximar e lhe fazer uma pergunta:

___Se um homem tenta pescar a sua alma de volta do mundo mundano, o que ele precisa fazer?

O mestre retirou o pequeno peixe azul e raro do anzol e o devolveu para o lago. Olhou profundamente para os seus olhos dizendo-o:

___ Veja que este peixe lindo, azul e raro não precisou pedir de volta a sua liberdade, bastou que um coração puro percebesse que era preciso tê-la! Veja os trigos do campo que nos alimenta? Sempre as suas sementes voltarão a virar mais pés de trigo!

O homem ficou a pensar sobre o que o Mestre lhe tinha dito. Mas ficou ainda com muitas dúvidas! Resolveu de novo perguntar sobre “a sua vida nesse mundo tão mundano”:

___Mas se eu nunca fui preparado desde pequeno para enxergar esses valores, como então irei mudar?

O Mestre te olhou mais uma vez profundamente, lhe fazendo novas perguntas:

___Qual é o teu trabalho?

___Eu vivo andando pelo mundo querendo respostas, e nisso peço apenas ajuda para me alimentar!...

___Quem é que compra as suas roupas?

___Quando eu tenho a necessidade de roupas novas, também eu as peço!

___E quando está doente quem cuida da sua saúde?

___Peço a ajuda no primeiro lar que encontrar?

___ E quando sente a necessidade de companhia o que você faz?

___Paro na primeira cidade e ofereço a minha sabedoria para quem quiser ouvir?

___ E quando sente saudade de sua família o que faz?

___Retorno para casa com o coração cheio de amor!

___ Então me diga por que tanta tristeza em sua alma?

___É que há muitos anos eu venho passando por aqui e nisso percebo que a cada vez que eu passo o senhor sempre pega o mesmo peixe! Se esse peixe é tão raro por que ele sempre volta para o seu anzol? E por que sendo raro é tão fácil de pegar? Desde menino que eu tento pegar um peixe, mas sempre o fracasso acontece. Isso me dar desespero, mágoas, tristeza, depressão, medo, impotência pessoal, sensação de azarado, pé-frio, que pisei em rastro-de-cobra , amaldiçoado, enfeitiçado, bruxado, e da peste pra dentro!..., etc... etc... etc...

O Mestre pela última vez te olhou e o disse:

___Devo-me ir. O dia está tão belo para que agente fique na beira de um lago sem mais nada a fazer! As pedras do seu leito agora lhe farão companhia. Os pássaros estão a voar com uma alegria já mais vista! Veja o sol com seus raios iluminando o fundo do lago! Deixe a noite chegar que irá perceber a beleza das estrelas e o reflexo da luz da lua sobre a superfície desse belo lago! Está vendo aquela montanha? Lá em cima existe uma “fonte mágica” e quem lá chegar terá todas as respostas que necessitas. O último homem que lá foi, encontrou a Luz do universo. Mas não se esqueça de sempre subir a cada oportunidade nessa caminhada em direção ao alto da “montanha mágica”! Vá em paz e nunca desista de ir na mesma direção.

O homem começou subir a montanha sem nunca olhar para trás. E acabou sumindo no meio da neblina.

Após cinco anos o Mestre lembrou-se do fato ocorrido na beira do lago. Começou a pensar: o que finalmente aconteceu com aquele homem de “vida boa”? Será que ele conseguiu retornar para casa? Será que ele acreditou na “fonte mágica”? E se ele realmente conseguiu chegar ao seu pico? Será que ele era doido?

No outro dia o Mestre foi à cidade para comprar uma lâmpada, pois a que tinha no salão de visitas tinha queimada. Ao chegar ao estabelecimento teve uma grande surpresa: lá estava “em carne e osso” o homem que perguntava sobre o mundo mundano! Se aproximando percebeu que foi reconhecido. O homem abriu os seus braços, com uma alegria fora do comum, e totalmente eufórico lhe confessou o que lhe tinha acontecido naquele dia:

___Lá estava eu a caminhar em busca da verdade. Quando comecei a sentir frio. Nisso eu retornei para cidade para pedir a alguém que me desse um casaco para suportar a baixa temperatura no alto da montanha. Ao voltar à beira do lago vi que o senhor, Mestre, tinha esquecido a sua vara de pescar. Resolvi então apostar na sorte. E não é que consegui pegar um peixe maravilho!! Agora adivinhe que peixe foi? Não vou nem esperar que me diga: foi aquele mesmo peixinho azul raro e o único da sua espécie. E foi daí que a minha sorte aumentou!...

___Aumentou?

___Sim..., o danadinho eu coloquei em um recipiente de vidro e trouxe comigo para a cidade. Por quê? Devido à baixa temperatura que o “bixinho” iria receber lá em cima. Aí eu adiei a “sagrada caminhada”. Nisso eu estava em pleno centro da cidade quando um homem se aproximou de mim me pedindo licença para verificar o “peixinho” mais detalhadamente. Depois da observação feita por ele me relatou que aquele “peixinho” valeria milhões pois se tratava de uma espécie tão rara que os maiores cientista do mundo pagariam o que tivesse só para estudá-lo. E o melhor é que apareceu um bilionário, não sei como, me ofereceu cinco milhões de euros. Eu não quis nem comentar nada: “negócio fechado”. Aí eu me tornei milionário e sendo assim eu abri uma rede de supermercado. É isso aí!...

O Mestre comprou a sua lâmpada e retornou para a sua casa. No dia seguinte voltou para a beira do mar e lá ficou a pescar. Nisso apareceu outro homem com uma fisionomia bastante deprimida. O Mestre se levantou rapidamente, recolheu os seus pertence, quebrou a vara de pescar, aproximou-se do “homem deprimido” lhe dizendo:

___Esse lago é morto. Nenhum peixe habita aqui a mais de duzentos anos. Logo chegará uma forte tempestade arrasando toda região, e lá naquela montanha haverá um vulcão que também entrará em erupção, se aqui ficarmos morreremos com certeza, corra sem parar pois a sua vida está correndo perigo!

O “homem deprimido” desesperadamente saiu correndo sem olhar para trás. E na primeira ponte se atirou. O Mestre nesse mesmo dia resolveu nunca mais pescar. E em sua modesta casa, em sua cadeira predileta, ficou a pensar: “O que realmente traz a felicidade ao homem seria meditar ou encontrar uma vara de pescar e capturar um “peixinho” besta de cor azul?

Tércio Monsores
Enviado por Tércio Monsores em 07/03/2011
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