O RIM DE GAMBÁ
“DOIDIVÂNIA” – Alô é da polícia?
“NORMALYSSON” – Não é do açougue.
“DOIDIVÂNIA” – É aí mesmo que eu quero falar.
“NORMALYSSON”– Então fale.
“DOIDIVÂNIA” – Comprei um rim e ele não funcionou.
“NORMALYSSON”– Como assim não funcionou?
“DOIDIVÂNIA” – Transplantei-o no meu avô e ele morreu.
“NORMALYSSON”– Quem morreu? Seu avô ou o rim?
“DOIDIVÂNIA” – Os dois.
“NORMALYSSON”– Neste caso temos que fazer uma autópsia.
“DOIDIVÂNIA” – No meu avô ou no rim?
“NORMALYSSON”– Nos dois.
“DOIDIVÂNIA” – Como nos dois? O rim eu sei que não prestava.
“NORMALYSSON”– A senhora sabe, mas nós precisamos saber.
“DOIDIVÂNIA” – Ora bolas! Eu comprei o rim de vocês.
“NORMALYSSON”– Tem certeza que era rim humano.
“DOIDIVÂNIA” – Bem... agora fiquei na dúvida.
“NORMALYSSON”– Sabe... vendemos dezessete tipos de rins.
“DOIDIVÂNIA” – O que comprei estava pendurado num prego.
“NORMALYSSON”– Os que ficam nos pregos são rins de gambá.
“DOIDIVÂNIA” – Já imaginava. O odor era horrível.
“NORMALYSSON”– Talvez seu avô possa ser ressuscitado.
“DOIDIVÂNIA” – Mas eu não comprei meu avô. Comprei um rim!
“NORMALYSSON”– Se seu avô for ressuscitado o rim também revive.
“DOIDIVÂNIA” – Ah! Bom! Só quero o rim funcionando.
“NORMALYSSON”– Neste caso que faremos com seu avô?
“DOIDIVÂNIA” – Vendam-no como muxiba para alimento de cachorro.
“NORMALYSSON”– Minha senhora; só vendemos órgãos de reposição.
“DOIDIVÂNIA” – OK! Fico com o velho, mas quero um rim saudável.
“NORMALYSSON”– Para que a senhora quer um rim.
“DOIDIVÂNIA” – Para transplantá-lo no meu avô.
“NORMALYSSON”– Mas seu avô não morreu?
“DOIDIVÂNIA” – Pois é. Morreu por causa do seu rim estragado.
“NORMALYSSON”– Meu não. De gambá.
“DOIDIVÂNIA” – De gambá não. Do meu avô.
“NORMALYSSON”– Vá te catá!!!!!
(janeiro/2011)