O Matuto e o advogado
-Amigo Zé (Matuto)
Seu dotô, vim lá do interior! Tô com uns probrema e queria
Resolver com o sinhô.
-Igor Felipe (Advogado)
Pois não, me esclareça o requerente os autos para que possa se ajuizar.
-Amigo Zé (Matuto)
Cumá é dotô?
-Igor Felipe (Advogado)
Deixa pra lá! Fala-me do seu caso.
-Amigo Zé (Matuto)
Sabe o que é seu dotô, Eu tô todo enrolado , Tenho 12 fio
6 muié e os outros macho
E ainda embuchei a vizinha que mora lá do lado.
O pai dela que me pegar, Ele tá meio arretado
Minha muié tá invocada, E os fio revotado.
Tomaram as minhas terras e todo os meus vinti gado
E ainda pro cima minha sogra tá de mudança
Que morar tombém no meu terraço. Que eu faço?
-Igor Felipe (Advogado)
Diante desses autos, doravante esse processo
Precisamos avocar uma ação petitória de acesso
E assim, dá celeridade e cominar num direito de regresso.
-Amigo Zé (Matuto)
Mas, dotô, num tô entendo nada do lero-lero.
-Igor Felipe (Advogado)
Veja bem, nesse caso dissidente, pode até ser de ameaças insurgentes
E imputar de habeas corpus seja pra lá de procedente
E lavremos a sentença pra interpor sua família
Bem como o adjacente pra não agir à revelia
-Amigo Zé (Matuto)
Mas, dotô que diabos tá falando? Num tô entendendo um mango
-Igor Felipe (Advogado)
Vou lhe esclarecer... Mediante essa tutela
Que desse caso se confere, espúrio e infausto
A sentença se atrela
Ao requerente, doravante, ato litígio, pensão que se encerra.
-Amigo Zé (matuto)
Dotô, resumindo o engodo... EU ACHO QUE TÔ LASCADO NÉ?
Igor Felipe (Advogado)
É isso mesmo.
(O sábio é aquele que se faz entender de um magistrado a um simples cidadão. Com a clareza de um céu profundo e a leveza de um belo pôr-do-sol. A inteligência não está somente nas palavras, mas também nas ações e compreensão do que se almeja.)