HUMOR #011 – “SÓ SEI QUE FOI ASSIM!”
Isto ocorreu primeira enchente do Rio Grangeiro, curso d'água que banha a Cidade do Crato, cortando-a ao meio, mais precisamente, na madrugada do dia 28 de janeiro de 2011. Há um riacho seco que desce da Comunidade do Pantanal, corta o Parque da Exposição, o Cemitério, o DERT e atravessa a Av. Tristão Gonçalves e desemboca no Canal do Rio Grangeiro, sendo este mais um dos efluentes que contaminam o Canal.
Conta o Maurício Feitosa, filho da Dona Iraci, que naquela noite, chovia torrencialmente na Cidade. Os trovões eram em tal frequência e intensidade que mais pareciam um rufar ininterrupto de tambores. Ninguém se atrevia sair nem de carro. À força da enxurrada. A crescia em volume e altura dentro da sede do DERT. Lá pela duas da madrugada o o guarda noturno ouviu gritos desesperados de pedidos de socorro vindo das bandas do cemitério: “Socorro! Alguém de ajude! Estou-me afogando!”
Mais que depressa e sem pensar duas vezes, o guarda correu para tentar salvar o afogando*. Foi aí que ele tem uma clara ideia da situação. Parte do muro da Exposição, e do cemitério havia desmoronado. O enxurro não perdoava nem as covas com defuntos inumados recentemente. Quando o homem se aproximou do afogando e percebeu que era um caixão de defunto que ia sendo arrastada pela correnteza, sentiu os cabelos da careca se arrepiarem e saiu correndo batendo os pés na bunda que até hoje não se sabe notícia dele.
- “Mas Maurício? Isso aconteceu mesmo ou é invenção dessa tua cabeça mole?”
- “ E eu sou homem de inventar história, meu!”
- “Tem certeza, homem?”
- “Não sei! Só sei que foi assim!” Encerrou o papo plagiando o Chicó e o João Grilo do Alto da Compadecida.
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Glossário:
Afogando: alguém que está a afogar-se.
Inumado: enterrado, sepultado, cadáver.
ATENÇÃO!
Esta história é real no que concerne à chuva, enchente e devastação, inclusive, do cemitério. O mais, é apenas fruto da imaginação do cidadão Maurício Feitosa.