O Ladrão e a Gorda

A cidade de Lavander é caracterizada por ter casas grandes, e por apresentar um ambiente calmo para os moradores. Raramente se escuta algo que pode prejudicar a tranquilidade da cidade. Uma casa não muito longe dali, desperta uma certa curiosidade nos vizinhos, porque ela é muito maior de tamanho, comparada com as casas vizinhas.

  

Samanta, uma mulher gorda, cabelos pretos, é a dona daquela casa. Ela nunca teve sucesso no seu relacionamento amoroso, porque sua feiura é tanto que acaba dificultando seu envolvimento com algum homem. Sempre ela foi desprezada pelos rapazes que se interessava, ninguém gostaria de viver com uma mulher que nunca se esforçou para melhorar seus defeitos.

  

Samanta estava na cozinha preparando seu café da tarde que nunca deixou de tomar. Apesar da cozinha ser enorme, ela tem poucos eletrodomésticos. O armário fica no canto da parede, e a frente a pia ocupa o espaço. A aguá estava fervendo no fogão, e Samanta que estava próxima dali, desligou o fogo e colocou a água para filtrar no coador. Depois pegou uma xícara no armário, e colocou seu café quentinho nela.

  

Depois do café ela foi para seu quarto se deitar. Sua cama ocupava praticamente todo o cômodo do quarto, porque quanto maior fosse sua cama, mais facilidade ela teria par dormir, sem que nada pudesse atrapalhe sua noite de sono. Ela já tinha dormido, mas tinha se esquecido de trancar a porta. Um homem todo encapuzado, que estava próximo da porta, entrou na casa silenciosamente.

  

Aquele homem caminhou lentamente pela casa a procura de dinheiro, mas não viu uma taça de vidro que estava em cima do sofá e derrubou.

  

Quem está ai? - perguntou Samanta dando um pulo da cama, coçando seus olhos.

  

O ladrão tentou jogar rapidamente para debaixo do tapete todos os cacos de  vidro, mas já era tarde demais, porque Samanta estava na sala olhando com os olhos bem arregalados para ele.

  

- Como se atreve a invadir a casa de uma senhora! Saía da minha casa imediatamente! - Exigiu ela, segurando uma vassoura na mão.

  

- Meu Deus! Como você é feia! - Disse ele se debruçando contra o chão morrendo de rir.

  

- Como você tem coragem de zombar de mim assim. Já te avisei para se retirar da minha casa agora!

 

 - Fico pensando se algum homem tem coragem de se envolver com uma mulher tão feia! Você nunca se olhou no espelho? - perguntou o ladrão num tom sarcasticamente.

 

- Realmente você tem razão. - sentou-se no sofá, deixando cair algumas lágrimas. - Nunca nenhum homem se interessou por mim. Sempre vivi aqui nessa casa enorme sem nenhum companheiro para dividir meus momentos felizes, assim como os tristes também. As vezes acho que vou morrer encalhada.

 

- Também não é assim. - disse ele tentando confortá-la. - Talvez um dia você encontre uma pessoa que goste de você de verdade.

  

Samanta não quis mais ouvir aquele homem que te zombou na sua própria casa, e pediu que ele fosse embora naquele exato momento. Mas ele não queria ir antes de roubar algum objeto de valor.

 

- Só vou embora se antes você me dá todas suas joias. - disse ele friamente, segurando no braço de Samanta. - Nem pense que eu desistirei de roubar você!

 

- Vai leva essas joias aqui, que estão do meu pescoço. - retirou todas as joias do seu pescoço e entregou a ele.

 

O ladrão antes de ir embora, disse mais algumas palavras para sua vítima.

 

- Quando eu precisar de mais joias, volto a te procurar. - Finalizou, saindo correndo pela porta. 

 

Trancou a porta, para que ninguém mais te perturbasse dizendo coisas que já estava cansada de ouvir, em todo os momentos de sua vida. Ela já não tinha mais razões para continuar vivendo sabendo que os homens da cidade, nunca se interessarão por ela.

  

Já era seis horas da tarde, sentou-se no sofá com uma expressão triste sem nenhuma vontade de se levantar para realizar as tarefas que uma dona de casa costuma fazer. Era muito difícil conviver todos os dias com a mesmice das opiniões que os homens tem de sua pessoa.

  

Horas depois, subiu as escadas e foi até o quarto de hóspedes onde tinha uma janela espaçosa, que dava para ficar pendurada facilmente olhando o movimento dos carros passando pela rua. O quarto estava com um pouco de pó, porque há dias Samanta já não entrava lá para dar uma ajeitada nele.

Abriu a janela e posicionou seus pés na estrutura dela, olhando atentamente para os acontecimentos lá embaixo. Mais uma vez pensou em tudo em que viveu, e concluiu que não teria mais a possibilidade de ter uma vida diferente.

  

Quando estava prestes a se jogar da janela, a campainha tocou  numa altura irritante, impedindo pelos menos por enquanto, que Samanta pudesse fazer uma besteira, tirando sua própria vida, acreditando que seus objetivos já estavam encerrados. Antes de ir até a porta, fechou a janela completamente para que ninguém desconfiasse, que estava pretendendo tomar uma decisão precipitada, e logo em seguida, foi até a porta ver quem era a visita.

  

– Oi querida! - disse Roberta sorrindo para Samanta.– Oi. - respondeu ela num tom desanimador, ignorando a visita a todo custo.

  

Roberta é amiga de Samanta desde de infância, sempre te diz coisas agradáveis tentando sempre confortá-la quando não se sente bem. Ela também é gorda, mas nem tanto como sua amiga; tem cabelos loiros, pele bem clara, e usa um óculos com lentes caras, lhe deixando ainda mais bonita.

  

– Você parece está triste, aconteceu alguma coisa? - perguntou tentando descobrir o motivo da tristeza de sua amiga.

  

– Não aconteceu nada, apenas estava arrumando a bagunça da casa. - mentiu, tentando se livrar das perguntas, que ela não queria responder.

 

 – Sua casa aparenta está bagunçada. - Olhou fixamente para Samanta, percebendo que ela não queria comentar sobre o assunto. - Sei que você está mentindo Samanta, se abre comigo, quem sabe eu posso te confortar. - sorriu mais uma vez, demonstrando interesse pelos problemas de sua amiga.

  

– Entre! Irei preparar um suco para tomarmos. - sentiu-se mais confiante, para a contar as dificuldades que enfrentava a todo instante.

  

Foram para cozinha, e na geladeira pegou um suco que já estava pronto, servindo para visita.

  

– Obrigada! Então, está triste porque não conseguiu ainda arrumar um namorado? - perguntou enquanto sentava na cadeira.

  

– Sim, ultimamente ando muito deprimida, os homens não querem nem saber de mim vivem me ignorando, toda vez que tento me aproximar deles. - Abaixou a cabeça, mais uma vez deixando descer algumas lágrimas no seu rosto.  

  

Roberta ficou comovida com a tristeza de sua amiga, e percebeu que a situação já estava se   agravando.

  

– Os homens não sabem valorizar o que realmente você tem para oferecer pra eles, nem sempre a beleza está em primeira opção, há outras maneiras de se amar uma pessoa de verdade! Os homens me acham bonita, mas não sabem o que aconteceria se morassem comigo... acho que se ele saísse sozinho na primeira noite, eu já arrumaria suas malas, e te colocaria pra fora de casa. Com você já seria diferente, porque você é mais calma, e   procuraria entender o motivo da demora de seu marido... isso admiro muito em você! - suas palavras eram verdadeiras, de certa forma tranquilizou sua amiga.

  

– Você tem razão! Sou muito calma mesmo, acho que nunca pegarei no pé do meu marido, se um dia eu conseguir arrumar. - sua autoestima já tinha mudado naquele momento, realmente sua amiga sabia como te tranquilizar.

  

– Nenhuma mulher desse mundo, nasceu para viver sozinha; pode esperar, que um dia o seu grande amor vai aparecer! - pegou nas mãos de sua amiga, e olhou bem para seus olhos demonstrando que realmente sua vida poderia mudar.

  

– Queria tanto acreditar nas suas palavras, mas está cada vez mais difícil viver dessa forma. Hoje mesmo, pensei até em me matar! A vida já não tem mais sentido pra mim. - encarou sua amiga mais uma vez mostrando um baixo-astral.

  

Roberta ficou pasma, pensando no que poderia acontecer se sua amiga tivesse se jogado da janelae lhe disse:

  

– Você é louca! Não pense que se matando vai conseguir resolver seus problemas. Tente encará-los de frente, sem medo das consequências. - Aconselhou ela deixando bem claro, que a morte não é a melhor maneira de resolver os problemas. - Bom já são nove horas da noite e meu marido já deve estar me esperando em casa. - se levantou da cadeira. - Pense em tudo que te falei, em breve acredito que você será bem amada! Por um homem, que goste de você de verdade. Se até hoje você não namorou ninguém, é porque Deus deve está preparando algo muito valioso em sua vida! - seus olhos brilhavam, enquanto dizia essas palavras de conforto para Samanta.

  

– Muito obrigada! Roberta, você não sabe o quanto me deixou mais tranquila agora! - retribuiu todas aquelas palavras com um sorriso. - Venha mais vezes mim visitar, agora que já não preciso mais trabalhar, ficarei a maior parte do tempo em casa.

  

– Claro! Virei mais vezes te visitar. Vai em casa também, se que você não gosta muito de sair de casa, mas faça um esforço. Irei te aguardar com maior prazer.

  

– Se eu tiver coragem apareço la sim. Te acompanharei até a porta. - Disse elas, enquanto caminhava até a porta. - Tchau, e mais uma vez muito obrigada! Eu nem sei o que seria de mim sem você.

  

– Ah! foi nada, só desejo o melhor para você! - se despediram dando um beijo no rosto.

  

Depois da saída de Roberta, resolveu ir se deitar porque já estava com sono depois de uma longa conversa, que te deixou até mais alegre. Deitou-se na cama, mais uma vez com muita dificuldade, e pensou na possibilidade de nem tudo está perdido pra ela. A esperança voltou a se formar no seu coração.

Fefetilo
Enviado por Fefetilo em 26/02/2011
Reeditado em 26/02/2011
Código do texto: T2816145
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