"TELMA , EU NÃO SOU GAY"

Ultimamente, saibam, eu também escrevo por encomenda.

Eu explico: Vira e mexe um amigo a mim se reporta para me sugerir algum assunto ou o relato d'algum fato ocorrido, para que possamos discutir nossas opiniões com o mundo.

Pois é, então foi assim que ontem, em pleno agito do trabalho, a Nil me procurou, e num cantinho me cochichou sorrateiramente:" Ei, tenho um assunto para você escrever, fala lá, da dificuldade que temos para se encontrar "alguém" igual e legal".

Achei engraçado a preocupação dela "igual" e eu não tinha entendido direito, então lhe devolvi o cochicho, "como assim , Nil, me explica melhor isso de igual"; "é, fala lá, do quanto é difícil se ser "hetero" hoje em dia..., poxa, que dificuldade encontrar alguém que combina com a gente, não?".

Bem "assunto pra lá de delicado" pensei, claro, porque hoje em dia se você não é nitidamente a favor dum time PARA VOCÊ JOGAR, ainda que seja a favor do jogo do time para o MUNDO INTEIRO, pronto, aí VOCÊ será o imperdoável do contra, sem direito a misericórdia alguma.

Foi assim que resolvi escrever que a Nil tem toda razão.

Não há tanto espaço no mundo DOS DIFERENTES para poucos candidatos aos metódicos e sem graça tão Iguais.

Vejam: sou do tempo que era permitido você ter uma amiga, mas só amiga mesmo, para passear, para viajar, para contar histórias, para discutir as relações, para se confessar de todos os pecados, para ir ao banheiro no restaurante, no cinema, no shopping e até para andar de mãos dadas na calçada da pracinha...vejam só que interessante.

Como a coisa mudou.

Não que não possamos tudo isso hoje, longe disso, estamos em plena era da modernidade, aliás, coisa boa, era eclética, hoje a gente pode de um tudo! e quem vai falar que não?-mas, convenhamos, como é decepcionante explicar ao mundo que a sua dita amizade não é assim, vejamos, TÃO alegre e colorida com as cores do arco-íris quanto o mundo espera, ops, espera aí, mas que, por outro lado, também sua amizade não é necessariamente TÃO triste como O MUNDO acredita. Será que me fiz entender?

Daí me lembrei dum fato engraçado que ocorreu comigo há alguns anos, quando procurava um cinema que estivesse rodando um filme lindo,Sob o sol da Toscana. Queria porque queria ver o filme que já estava expirando a apresentação nos cinemas.

Convidei uma amiga, porém ela me informou que havia apenas uma única sessão num shopping ali nas imediações da Paulista, local que eu não conhecia. Então, achei legal e resolvi juntar o útil com o agradável.

Entramos as duas no cinema e eu comecei a observar o número de casais de iguais que havia ali.

Lugar de gente alegre! Logo pude perceber.

Eu que sou pelo respeito a todas as diferenças ali comecei a me confundir toda com tanto igual diferente...não sabia como me portar, me senti meio fora da moda...não sabia nem o que fazia com as minhas mãos. Parecia que todos os alegres olhos estavam sobre nós...duas mulheres tristes...

Foi quando me perguntei: Afinal, temos que ser pelas igualdades ou pelas diferenças? Pela diferença das igualdades, ou pela igualdade das diferenças?

Gente, que loucura, que difícil este mundo de hoje. A Nil tem toda razão.

A gente se esforça, mas por mais que tentemos ...com é difícil ser a GENTE MESMO...não?-sejamos nós alegres ou tristes...

Eita mundão tendencioso esse nosso tão alegre mundo!

Todavia, à Nil tenho algo a lhe dizer: Relaxa mulher, e vai a luta, seja ela alegre ou triste! Que importa isso? Chique é ser feliz, mulher!

Neste mundo tão vasto, acredite, há espaço para o tudo de todos, , e decerto que haveremos de sempre encontrar uma " cara -metade", aquela que diferentemente melhor combinará com esse nosso jeito meio igual de ser...tão tristemente demodê!

E em caso de dúvida, uma saída inteligente: vai logo cantarolando aquela famosa música do Ney Matogrosso, ele, que explicou à Telma, claro, depois de ter que explicar ao mundo, que ao menos ali, ele não era tão alegre quanto Telma imaginava.

E daí? Será que a Telma fazia questão de tanta tristeza?

Nota:

À Nil,na esperança de ter atingido o seu objetivo, risos.