No filme A Grande Família, o fiscal sanitário Lineu, interpretado magistralmente por Marco Nanini, recebe o resultado de um exame que provoca sobressaltos e desencontros na vida dos personagens.


         Assistindo mais uma vez ao sucesso da Rede Globo, lembrei um fato que aconteceu comigo em 1992. Nessa época a AIDS assombrava o mundo, pois os noticiários sempre informavam que alguma figura pública sofria da doença ou morrera em razão dela.


         Aprovado no concurso para Delegado de Polícia do Estado do Amapá, saí em busca da documentação e me submeti aos exames médicos exigidos. No laboratório realizei vários testes, entre os quais o Elisa, usado para diagnóstico da infecção pelo vírus HIV.


        Dias após a coleta do sangue, quando cheguei para apanhar o exame, percebi certa frieza no comportamento da moça do laboratório. Ela mal me olhou ao entregar o envelope com o resultado, apenas pediu que eu assinasse o recebimento do laudo.


       Sentei-me em um banco próximo, respirei fundo e passei a ler o resultado do teste Elisa. Ao ver a conclusão do exame suei frio e meu coração bateu acelerado. Para minha supresa e agonia, o papel noticiava que eu sofria daquela terrível e à época implacável doença.


        Depois de alguns minutos de agonia e sem saber como proceder, retornei ao balcão do laboratório e indaguei timidamente à funcionária:


       - Moça, por favor, você poderia dizer pra mim o que significa esse resultado? Acho que a coisa tá feia pro meu lado. O negócio aí não reagiu e eu tou é lascado...


        Dessa vez a jovem me olhou fixamente e disse:


        - Quando diz “soro não reagente” é porque o senhor não tem a doença. Fique tranquilo.




(imagem Google)