Eleição

Consta que, há muito, muito tempo, numa pequena cidade perdida nos confins do interior foi realizada uma eleição na ZBM (pros neófitos zonão, prostíbulo, rendez-vouz,casa da luz vermelha, casa das primas, vila geni, risca-faca, lá-em-cima, etc,etc,etc...)

Para administrar o bairro, com mais de quarenta casas de diversos níveis econômico-sociais, de um simples barraco de chão batido até uma imponente mansão com restaurante, boate e piscina, onde militavam mais de 450 mulheres das mais diversas faixas etárias, de ninfetas a vovós, entremeadas por gays, viados, franchonas, bibas, "tias-véias", cafetões, proxenetas, policiais, delegados, milicos do exército, jogadores de futebol, os políicos que vinham visitar as mães, enfim, desocupados e meliantes de diversas origens, foi escolhida a Polaca.

Polaca, uma matrona de 45 anos de idade, com mais horas de cama que urubú velho de vôo, mais de 37 anos na vida ativa, nascida de uma familia pobre do sertão nordestino, iniciada em casa pelo próprio pai, depois o padrasto, os tios, os primos, os moleques da escola, fugiu de casa pouco antes de completar 12 anos, e foi aceita como ajudante de auxiliar de aprendiz iniciante I por uma bichona que era garçonete na boate supra citada, e preparada para nunca mais se deixar possuir sem pagamento, e adiantado.

Conservada em reclusão por pouco mais de dois anos, foi oferecida em um leilão muito concorrido, como se virgem fosse aos 15 anos. Numa acirrada competição (ou disputa???) entre um fazendeiro, um médico e o juiz da comarca, debutou finalmente na cama deste último, e no mesmo dia, ou noite teve seu batismo de fogo (bêbada) com os outros dois, entre sí os três muito amigos.

Nessa "difícil "vida fácil, sempre explorada por diversos homens, e pelo dono da farmácia que lhe fornecia agua oxigenada para os cabelos para manter a alcunha, cresceu e se desenvolveu essa mulher perdida, mas sempre muito procurada, irreverente e indiferente às emoções ditas humanas, chegando então ao topo da hierarquia mundana do lugar.

Várias marafonas, outras mais jovens, umas com corpos mais acabados, outras menos, algumas até mais jovens, que já naquele tempo as mais jovens não respeitavam, como deviam, as mais velhas.

Eleita, essa guerreira, com o corpo marcado pela celulite, e por algumas cicatrizes exibidas como medalhas, num discurso de posse do cargo de presidente da ProstiUnidas, depois de muito conhaque barato, e cerveja absurdamente cara, ao som de Adocica, meu amor Adocica, Eu não sou cachorro não, A volta do boêmio, A boate azul, Garçom, Tonga La Tonga, e outros sucessos, declarou que essa era a última vez que se habilitava para tal cargo, e chorou, dizendo que não queria o cargo, mas não poderia se furtar a cumprir o dever para o qual foi chamada pelos que dela dependiam e nela confiavam.

A estória termina aqui, mas em tempo é bom lembrar que que o Bigodudo dos Marimbondos de Fogo também tomou posse hoje num cargo semelhante.

neanderthal
Enviado por neanderthal em 01/02/2011
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