Um camponês cometeu um homicídio, tirando a vida de um homem de sua comunidade porque era sempre chamado por ele pelo apelido de “astrônomo”, fugindo em seguida.
O crime teve uma repercussão muito grande na sua região e o criminoso passou a ser procurado pela justiça e policial local tendo sido detido dias depois.
Num primeiro momento este episódio pode lhe parecer um tanto quanto absurdo, mas se eu lhe perguntasse, agora, o significado da palavra “astrônomo”, o que você me responderia?
Já sei. Você certamente me diria, de uma maneira bem sucinta, que astrônomo “é uma pessoa especialista em astronomia” e você estaria absolutamente certo(a), mas o personagem desta história não é uma pessoa culta tal qual você o é.
Esse camponês tem outra forma de ver a vida, inclusive, tem uma versão bem diferente para a palavra “astrônomo”. E agora, que ele já foi detido pela polícia local e irá responder perante a justiça de sua comunidade pelo crime que cometeu, parece que sua situação ficou um pouco mais complicada.
O advogado dele muito preocupado com o que ele viria a falar no dia da audiência se comprometeu a instrui-lo sobre como ele deveria se portar diante de um júri popular.
É fato notório que desde o começo do mundo o povo tem dito que a justiça dos homens não é igual à justiça divina. Segundo a opinião popular, a justiça divina poderá tardar um pouco, mas nunca falha, enquanto a justiça dos homens, às vezes, poderá tardar muito e, em algumas vezes, ela tem cometido erros absurdos nos seus julgamentos.
Pois bem, o infeliz personagem deste episódio era, como se pode perceber, uma pessoa inculta, destas que, nem ao menos, sabem ler e escrever e tenderia a pagar um preço muito caro pelo seu despreparo social. Iria, com certeza, precisar de muita orientação por parte de seu advogado, pois numa situação complicada como essa, na pior das hipóteses, ele pegaria alguns anos de prisão, mesmo sendo um réu primário e tendo ele achado que praticou tal crime em defesa de sua honra.
Sua única alternativa seria esperar pela chegada do dia do julgamento e esse dia finalmente era chegado. E ali, no decorrer da audiência, o juiz perguntou ao réu:
- Por que o senhor matou o cidadão Fulano de Tal?
O réu respondeu:
- Doutor Juiz, eu matei ele por que ele me chamou de “astrônomo”.
O juiz, muito experiente e dotado de uma psicologia forense muito aguçada, entendeu que deveria esclarecer melhor os fatos e decide fazer outras perguntas:
- No entender do senhor, o que significa a palavra “astrônomo”?
De imediato, o réu responde:
- É um nome muito feio, Seu Juiz.
- E o senhor poderia me dizer que nome feio é esse – pergunta o juiz?
Novamente, sem titubear, o camponês responde:
- Pois bem, Seu Juiz, me disseram uma vez que o nome “astrônomo” vem do nome “astronomia”, mas pelo que eu sei, quem “mia” é o gato e, também, desde que eu me entendo por gente, eu sei que todo gato gosta de rato e que todo rato gosta de queijo e que o queijo é feito do leite que é tirado da vaca e que a vaca está sempre ao lado do boi, sendo que os dois têm chifres...
- Seu juiz, tenha santa paciência, o infeliz que eu matei passou parte da vida dele me chamando de “astrônomo”, logo, ele esteve todo esse tempo me chamando de “chifrudo”...
Essa justificativa, até certo ponto estapafúrdia, foi motivo de muita pilhéria entre os jurados ali presentes.
Com base nessa explicação dada pelo réu e conhecendo o retrospecto dos veredictos expedidos por nossa justiça, no seu entender, nessa situação em particular, qual a intensidade da pena que esse réu deveria receber pelo crime praticado?
Reflita e decida!
Agora você é o juiz...