NOITE DE PRAZER
N O I T E D E P R A Z E R
Finalmente escureceu. Tomei todas, pensando nesta noite com você, hoje a pego. Já tentei noites e noites agarrá-la, amassá-la, esfregá-la, violentá-la, enfim até mesmo matá-la, este é meu tesão.
Assim que entro no quarto, sinto que estou bem tonto, mas isso não tem importância, você me quer assim mesmo, visto que só quer meu corpo. Afinal ficamos sozinhos, eu e você. Eu via-te, você via-me, vinha de encontro a mim, mas por eu querer pegá-la, já que estava em tempo de ficar louco pôr sua causa, você se esquivava, ficava arredia, estava medrosa ou tímida, sei lá.
Assim que apagava a luz e ia para cama, você vinha se aproximando devagarzinho, nuazinha, toda ressabiada, de mansinho, apesar de louca por mim, pois passou o dia todo a minha espera. E eu, logicamente que muito nervoso e ansioso, querendo-a a qualquer custo, afobava-me e assustava-a.
Eu chamava-a:
- Vem queridinha, vem benzinho!
Você tão macia, tão leve, tão suave, tão sensível, eu nem a sentia quando tocava em mim; só quando me beijava, chupava-me, mordia-me, fazia cócegas, enfim deixava-me louco. Você subia em cima de mim e suspirava nos meus ouvidos. E quando eu não suportava mais sem ver-te, e acendia a luz, sorrindo, para vê-la, pegá-la, você deixava-me frustrado, se afastava, ia para o canto escuro do quarto, eu até ouvia sua respiração ansiosa por mim. Era só apagar a luz novamente e lá vinha você ainda mais insaciável, era uma volúpia mais parecendo uma tarada, mas quando eu tentava segurá-la, novamente fugia de mim. Na realidade passamos a noite toda nesta luta desenfreada, você fazia o que queria de mim sem, no entanto deixar-me se quer tocá-la.
Enfim o sol já brilhava alto pela manhã quando eu exausto, com o corpo todo mordido, o rosto roxo, com um gosto de cabo de guarda-chuva na boca, vi o lençol sujo de sangue.
Finalmente o que eu mais queria, sorri satisfeito, saltei de alegria, dei vivas, descarreguei aquele tesão doentio e saciei minha tara.
Consegui matar você, maldita muriçoca.
(plagio de autor anônimo)
(novembro/1979)