SOB A TENDA DA TIRIRICAÇÃO
Em meio a tanta tristeza felizmente ainda vemos ou ouvimos algo que nos faz sorrir, embora, sejamos justos, se formos bem criteriosos, ultimamente, eita ato difícil por aqui!
Foi assim que dia desses eu assistia uma reportagem sobre o circo e os seus personagens e lá no final acabei dando muitas risadas com o "tino artístico" dum comentário e espero conseguir lhes explicar o porquê, sem precisar ser tristemente explícita.
Então, falava-se lá de todos os artistas dos circos, dessa entidade cultural que parece meio sumida da atualidade, bem distante do meu tempo de criança quando ir ao circo era um acontecimento irradiante e inadiável.
Naquela época havia um nome que me encantava " CIRCO ORLANDO ORFEI" alguém se lembra dele?
Tudo ali era arte que me encantava...e claro, os palhaços sempre tinham os olhos atentos e as palmas incondicionais das crianças, ao seu espetáculo de tão ingênua alegria. Eu achava lindo ser palhaço...
Depois que virei adulta entendi ainda melhor a beleza daquela arte, daqueles sofridos artistas de alegria perene, e de certa forma, compreendi a dificuldade que o artista do riso deve enfrentar para sempre fazer sorrir, independentemente da vida que também rola fora do picadeiro, nada engraçada, aliás.
Hoje as coisas mudaram, nossos circos são outros, e os palhaços também, com modernas aspirações de todos os tipos, claro, hoje entendo melhor, são aspirantes a cidadãos como qualquer um de nós.
E foi assim pensando que vi um repórter de campo entrevistar um adolescente, destes que já estão quase entrando na via adulta, a decidir que caminho seguir, quando lhe foi feita a pergunta "e aí, o que você acha do circo?".
O jovem decerto não tinha muito como opinar, sobre aquele circo "senso stricto" de antigamente, posto tal arte estar muito distante da sua geração, porém, talvez movido pelos nossos últimos acontecimentos políticos tiriricados , afinal tudo vira moda por aqui, respondeu extasiado " pô, cara, adoro os palhaços, adoro tanto, que estou pensando em estudar para ser um bom deles!".
A fala foi sincera, percebi nitidamente e me comovi, todavia, logo que desliguei a televisão dei boas risadas, a entender que rimos até das sérias adversidades subliminares.
"Que talento esse menino"- pensei-" já sabe fazer sorrir".
Afinal, ele pode até ignorar, mas já está num bom caminho...e nem precisa estudar muito. Aliás, não precisa estudar nada.
Porque a alegria, bem como a forma de dissipá-la, é um dom, já a consciência...ah, a deixemos para depois, afinal, um verdadeiro palhaço não pode perder o humor...muito menos a piada.