Audiometria, ou Audiogastria?

Audiometria é um exame que avalia a audição das pessoas.
Costumeiramente é aplicado na medicina ocupacional o da audiometria tonal. Trata-se de um teste subjetivo para avaliar o grau e tipo de perda auditiva do indivíduo. Este exame, conforme o próprio nome indica, consiste na emissão de tons puros, através da via aérea. É realizado com o paciente dentro de uma cabine acústica, visando isolá-lo do ruído ambiental, equipado com um fone de ouvido, assentado de costas para o especialista que aplica o teste; neste caso fonoaudiólogo (a). Utiliza-se um equipamento chamado audiômetro. Iniciado o exame, o paciente fica no dever de acusar toda e qualquer percepção de som emitido em intensidades e freqüências variáveis. Para tanto, basta levantar a mão correspondente ao lado percebido.
Pois bem. Recentemente enfrentei uma bateria desses exames chamados ocupacionais e me dei mal, justamente neste de audiometria. Como? Explico!
Devidamente instruido e preparado dentro da cabine pela doutora Paula Garibaldi, me vi num silêncio total que de há muito precisava, mas logo de cara recebi um puxão de orelhas do meu Santo protetor: “Não durma. Você está num exame de saúde para trabalho”.
Tá bem, tá bem!
Começamos o teste com os sons emitidos de intensidade moderada e tudo transcorria bem. À medida em que a doutora foi diminuindo, mais difícil foi se tornando sua identificação.
Depois de alguns minutos a doutora abriu a porta da cabine e pacientemente observou:
-Sô Zé. O senhor tem que levantar a mão quando ouvir um barulhinho, tá?
-Será que ela tá emitindo algum som? E de que lado meu Deus?
Alguns minutos depois e ela:
-Sô Zé. O senhor tem que levantar a mão toda vez que ouvir um ba-ru-lhi-nho! Fechou a porta.
-Uai. Será que este troço tá estragado? Num tô ouvindo nadica de nada.
Segue-se o exame e ela abre novamente a porta:
-Sô Zé, o senhor não tá mais levantando a mão, pô!!! Fecha a porta.
Levei a mão à testa pra ver se meu braço tava levantando e senti um frio na mão. Minha testa tava gelada. Continua o exame e....
Ôba. Agora sim. Olha aí, olha aí. Tô ouvindo. E é do lado de cá. Levantei a mão. Ôpa, outro aqui. Levantei de novo. Ui, ui, ui, mais um do outro lado. Tornei a levantar.
De repente tomei um susto, quando a maçaneta rodou num golpe só, a porta abriu-se e ela me pegou com a mão pro alto.:
- senhor José. O senhor tem que levantar a mão só quando ouvir um barulho, caramba. Eu num tô emitindo sinal algum e o que sô tá fazendo com esses braços, toda hora pra cima?
Quer saber? Acabou o exame. Rancou-me o fone e desligou tudo.
Desastre. A Doutora me deu pau, pensei.
Senti um frio na barriga. Barriga? Isto mesmo: bem lembrado. Barriga.
Meu estômago – barulhento por natureza -, emite uns sons do tipo quando se joga pedra n’água e como já estava quase na hora do almoço, com fome pior ainda. Não tive dúvidas. Foi dele. Foi dele que tava ouvindo barulho. Tava levantando a mão por causa deste filho da ... Chegar lá em casa, me paga.
Chegando em casa, troquei de idéia. Já descansado, pensei bem, liguei o computador e mandei um e-mail:
"Doutora; fui traído pelo ronco característico da atividade digestória, provocado pela contração e relaxamento do estômago e intestino delgado, no chamado movimento peristáltico, que em certos casos emite um ruído capaz até de tirar o sono de uma pessoa ao lado. Meu caso não é o de Reprovação. Quem sabe seja o caso de um exame de Vectoeletronistagmografia capaz de diagnosticar e clinicar de vez o problema?
Sendo só para o momento, aguardo remarcação de consulta.
Atenciosamente...


Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 17/01/2011
Reeditado em 02/04/2012
Código do texto: T2733687
Classificação de conteúdo: seguro