Na década de 80, com as constantes falta d’água nas torneiras de Várzea Alegre, o agricultor Zé de Lula decidiu ganhar uns trocados, distribuindo o precioso líquido. Para tanto, adquiriu uma carroça-pipa e negociou com Chico Piau uma burra para puxar o rudimentar meio de transporte.
Na negociação, mesmo com a burra tentando morder e dar coices em Zé de Lula, Chico Piau elogiou bastante o animal, dizendo ser mansa, boa de marcha e apropriada para o serviço.
No mesmo dia, Zé de Lula, com dificuldade, conseguiu prender a burra na carroça, encheu a pipa no cacimbão de Zé de Ginu e saiu para distribuir água pela cidade do sertão cearense. Logo ao entrar na Rua dos Perus, o velhaco animal se assustou com a buzina de um Jipe, deu marcha ré e tombou com a carroça na calçada de Fransquin Crente, amassando e estourando a pipa de zinco e derramando toda a água.
Decepcionado com o prejuízo, Zé de Lula procurou Chico Piau para contar o ocorrido e reclamar do negócio. O espirituoso vendedor do animal ouviu atentamente o comprador e disse:
- Zé, eu esqueci de falar que você precisava vestir uma farda.
- Valha e é pra que? – estranhou, Zé de Lula.
- É porque essa burra eu comprei de um sargento lá em Souza, na Paraíba. Ela só obedece a quem tá fardado.
Colaboração: Daniel Rocha
(imagem Google)