COISAS DO TIO GU - V
A Bula (continuação)
- Fiquei curioso com a estória do rash cutâneo. O que aconteceu que te deixou tão envergonhada?
- Tio, veja só: um dia eu fui ao médico por causa de uma infecção na garganta e ele me receitou um antibiótico. Disse para informá-lo se algum sintoma estranho acontecesse. Uns três dias depois eu liguei pra ele e contei que surgiram umas manchas avermelhadas na minha pele e perguntei se isso era grave. Ele perguntou se a pele, debaixo dessas manchas estava um pouco elevada e eu disse que sim. Aí ele respondeu: - é um rash cutâneo. E eu, simplória, respondi: - não, doutor, a minha pele não rachou não, tem só as manchas mesmo.- Nunca vou esquecer o som abafado do risinho dele no telefone. Resumindo a estória: me mandou voltar ao consultório e trocou o antibiótico. Tio, só porque ele riu é que fui desconfiar do mico. Se ele tivesse se controlado um pouco, até hoje eu ia achar que rash cutâneo é quando a pele racha, como no frio.
- Esses termos são usados para resumir todo um quadro. Por exemplo, ao invés de se dizer: manchas avermelhadas, semelhantes a lesão, com pequena elevação na pele, se diz: rash cutâneo ou exantema. Assim como nos quadros onde ocorre um aumento do volume de urina, se diz poliúria. Na sensação de sede em demasia se diz polidpsia, e assim por diante.
- Ah, ta. Quer dizer então que se eu chegar num bar e disser: - Garçon, estou com polidpsia.- ele já deve entender que eu que preciso tomar água urgentemente?
- Deveria. Assim como seus amigos deveriam entender quando você tomar muita cerveja e na volta do banheiro disser: - Aí, gente, demorei? Foi a poliúria!!