MIADO DE ONÇA

“Seu” Juvenal dos Santos, fazendeirão dos grandes lá no Brejo da Madre de Deus, pequeno distrito de Capitólio, região de Furnas, estava na sede da sua propriedade curtindo uma pasmaceira após o almoço, quando chega visita inesperada. Era o compadre Libório com seu inseparável embornal, chapeuzinho, calça de brim caqui e perneiras, assim sem aviso prévio.

O fazendeiro ergueu-se da sua rede na varanda e gritou para o interior da casa:-

“- Ô Olga, vem ver quem chegou! Depressa, mulher! ...”

Ela veio, cumprimentou o recém chegado e quis saber da comadre Nerita, das filhas deles, uma delas, a Neuza, sua afilhada de batismo, essas coisas. Depois do bate papo inicial, mandou servir refresco e um cafezinho e deixou os dois na varanda a fim de prosear bastante.

Lá pelas tantas, “Seu” Juvenal convidou o compadre Libório para dar uma esticada pelos arredores. Queria lhe mostrar um roçado novo, baita plantação de milho e feijão juntos, num pasto que antes só servia para alimentar o gado. Quando desciam para a baixada do terreno, em direção ao riacho que corria mansamente em meio ao arvoredo próximo, ouviram um ronco seguido de miado característico.

“- É onça, compadre Libório! E das grandes! ... Vamos apressar o passo.” – afiançou o fazendeiro Juvenal.

Seu amigo parou, sentou-se num cupinzeiro, abriu calmamente o embornal e retirou um par de tênis de corrida sob o olhar assustado do compadre Juvenal, que o interrogou de pronto:-

“- Eita, compadre Libório, vosmicê acha que com esse tênis vai correr mais do que a onça, acha??? ...”

“- Não, compadre Juvenal, com êle eu vou correr é mais do que você, isso sim!”

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B.Hte., 16/12/10

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 16/12/2010
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