Seu Neca - O Bruto

Sabe aqueles dias em que estamos irritados e nem mesmos sabemos o porquê? Só esperamos a primeira pessoa aparecer para descontarmos nela toda nossa cólera. Engraçado é que quando a tal pessoa aparece, é justamente aquela que menos merecia.

- Bom dia Senhor! diz o inocente.

- Se o dia for bom eu lhe digo

Ms ele persiste:

- Poderia lhe fazer uma pergunta?

-Já fez! Respondeu o indelicado.

Depois de sorrir sem graça pergunta:

- Como faço para chegar na Praça Central? ( detalhe... a praça fica a duas quadras dalí) Mas a resposta:

- O Sr fica parado à beira da pista, quando passar um carrinho branco com duas faixas laterais coloridas escrito taxi, o senhor para um, entra e pede que ele lhe leve até a tal praça.

Deve ter sido uma noite terrível, mas é melhor eu nem perguntar, vai que ele se azeda.

Gente bruta tem em todo lugar, mas eu conheci um homem no sertão baiano, oxe ... aquele sim era bruto. Seu nome, nunca tive coragem de perguntar, mas sei que todos lhe chamavam de Seu Neca.

Quando tinha vinte anos Seu Neca entrou na polícia e, numa tarde quente de outono ( no sertão até o inverno é quente), o tenente percebeu que havia um carro mal estacionado prejudicando o fluxo dos outros cinco carros da cidade ( a viatura, a ambulância, o carro do prefeito, o pau-de-arara para transporte de bóias frias e o taxi clandestino movido a gás de cozinha).

O tenente mandou Seu Neca identificar o propriétário do veículo solicitando ao cidadão que desobstruisse a via.

Seu Neca se dirigiu ao automóvel e batentendo no porta-malas perguntou:

- A qual filho do cabrunco pertence esta arabaca?

Todo se tremendo o dono do carro olha o seu porta-malas amassado e diz:

-Pois não, sou eu.

- Bote logo essa desgraça atravessada que assim está atrapalhando pouco.

Seu Neca saiu da polícia e montou uma padaria. A cidade era pequena, a população não variava quase nada. Um dia jovens de um grupo religioso resolveram acampar naquele "paraíso". Precisaram de pão.

-Moço, me dê dez reais de pão.

-Primeiro que aqui agente não dá nada, mas se você quiser comprar agente vende.

-Certo, então nos venda dez reais de pão.

Seu Neca pegou o dinheiro, entregou os garotos o equivalente a cinco reais e devolveu cinco de troco. Atônitos os menitos não entenderam nada.

- Moço, nós pedimos dez reais.

- Mas só vai levar cinco- completou olhando bravo - Vocês compram aqui todo dia? Não, vão embora no domingo. E quando meus clientes fiéis chegarem aqui eu digo a eles que vendi o pão deles a um bando de meninos da capital, é?

Os religiosos aprovitaram para fazer um jejum.

Seu Neca tinha um netinho, a coisa mais linda. Um dia o Vovô estava ocupado, fazendo manutenção de máquinas, quando seu netinho entrou:

-Bençavô!

-Deus que lhe dê vergonha nesta cara descarada.

-Vô, o senhor tem porca 5 polegadas, é pra minha bibicleta.

-Sim, pegue aí dentro- respondeu apontando para uma caixa cheia de quinquilharias.

O menino, de cinco anos, procurou e trinta segundos depois disse:

- Vô, tem certeza que tá aqui?

-Tá sim, olhe direito.

-Tem não, vô. Respondeu depois de prcurar.

- Fio da peste, já disse que tá aí, ô bicho podre de preguiça.

Um minuto depos Seu Neca levantou e a primeira coisa que tirou daquela caixa cheia de coisas foi a tal porca:

- É isso que você quer? - perguntou.

Estendendo a mão para o avô, o netinho disse:

-Obrigado.

-Obrigado... obrigado uma p#&&@- colocando a porca dentor da caixa e embaralhando tudo completou - se quiser procure sua p#&&@ você.

Marcão Bahea
Enviado por Marcão Bahea em 06/11/2010
Reeditado em 20/09/2012
Código do texto: T2599694
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.