ARRAIAIS DE VERÃO

Não forces tanto a fogueira

Com pressa de ela aquecer

Que a fogueira sem braseira

Deixa lenha por arder

Fogueira para saltar

Não quer lenha em demasia

Pois pode a chama chegar

Onde o sonho não queria

Meu amor foi um balão

Que depressa se perdeu

Bastou-me soltar-lhe a mão

E foi um ar que lhe deu

Eu fico de olhos tristonhos

Ao ver no céu o balão

É que os balões dos meus sonhos

Nunca saíram do chão

Com ares de balão enchendo

Cuidando para não cair

Há os sobem descendo

Porque descem para subir

Não te iludas na subida

Balão de um ramo qualquer

Há quem não suba na vida

E vá chegando onde quer

Esse teu cravo atrevido

Onde aprendeu esse jeito

Ficar de caule torcido

Para enfeitar o teu peito

Cravo que andei a criar

Com tanto amor e deleite

Anda em teu peito a enfeitar

Quem não carece de enfeite

Nos bailes de s. João

Troquei penas por compassos

Por isso cumpro prisão

Na cadeia dos teus braços

Chamas-me sombra de rua

E odeias o meu bailado

Só que a sombra é como a tua

E baila sempre a teu lado

Dançamos os dois esses passos

Dei as voltas iludida

Que estava a dar nos teus braços

As voltas da minha vida

Manjericos sequestrados

No teu peito eram segredos

Que só foram revelados

Por abuso dos meus dedos !

paula francisco
Enviado por paula francisco em 08/10/2006
Reeditado em 14/10/2006
Código do texto: T259438