Comprando com desconto

Depois de perguntar se tinha pilhas alcalinas e receber a resposta de que só tinha Ray-o-vac; de perguntar o preço de uma mercadoria e receber a resposta com a pergunta: "À vista ou no cartão?", eu escutei e escuto diariamente no rádio a seguinte propaganda: "E se pagar em dinheiro tem desconto de 10 oir cento". Onde estamos? No tempo em que se pagava uma mercadoria com outra? Na época em que se trocava feijão por farinha, bode por peru?

Hoje em dia, no mundo "civilizado", nós pagamos pelos produtos e serviços que consumimos com dinheiro. É o meio de troca há algum tempo. Tempo suficiente para que eu sinta um estranhamento ao ver uma propaganda de um produto que, se for pago em dinheiro, haverá desconto. E como é que os clientes dessa loja costumam pagar pelos produtos que compram?

Hoje em dia, é difícil alguém andar com DINHEIRO EM ESPÉCIE na rua. As pessoas estão cada vez mais preferindo o cartão de crédito, o cheque e alguns clientes mais arcaicos de lojas ainda mais arcaicas, compram no carnê, assinando uma nota promissória, para que a dívida seja legalmente exigível.

Quando nós pagamos um produto por meio de cartão de crédito, cartão de débito ou cheque, o que muda é a forma como o dinheiro passa das minhas mãos para o logista. São meios mais modernos do que o dinheiro em espécie. Mas continua sendo pagamento em dinheiro. Quem dá um cheque no valor total da mercadoria, para cobrança à vista, está pagando em dinheiro e à vista. Quem compra no cartão está pagando à vista, mesmo que a operadora de cartão parcele a dívida. Para o comprador, a compra é parcelada. Para o vendedor, o dinheiro chega de uma só vez, embora não imediatamente.

Se o cheque vai ser devolvido por insuficiência de fundos (estelionato) é outra história. Mas a maioria dos cheques é compensada normalmente, é dinheiro quase imediato na conta do vendedor.

Portanto, a propaganda que fala de um vendedor que dá um desconto para quem paga com dinheiro é algo estranho, engraçado, hilariante, estúpido, ignorante e muitos outros qualificativos que no momento não povoam o meu consciente.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 31/10/2010
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