Na década de oitenta, os varzealegrenses Klébia, Klecin, Manin e Socorrinha moraram em uma modesta casa do Bairro Montese, em Fortaleza. Seguindo o mesmo caminho de outros conterrâneos, com dificuldade, mudaram-se para a capital alencarina em busca de novos conhecimentos e trabalho.

     Naquela época, Socorrinha namorou um sério militar da aeronáutica que sempre visitava a residência do Montese. O namorado se comportava como se  vigiasse o quartel, com semblante fechado e mantendo a postura disciplinada da caserna.

     Nas visitas, Socorrinha e o militar sentavam em cadeiras de ferro do jardim, enquanto os irmãos Klébia, Manin e Klecin assistiam ao programa do Irapuã Lima na velha tv da sala. Aqui e ali, o namoro era interrompido por Manin, que ia ao jardim e passava a mão na barriga, reclamando que o baião de dois com piqui não lhe fizera bem. A cena se repetia várias vezes e sempre Socorrinha exclamava:

     - Eita minino podre!!!

     Certo dia, Manin se empolgou na TV e não saiu para o jardim da casa, onde os namorados permaneceram sozinhos. Quando se despediu do militar, Socorrinha entrou rapidamente na sala e disse:

     - Ei Manin. Tu surdo hoje? Bati várias vezes na cadeira dando sinal para você ir lá comigo e você não foi. Você quer que eu morra com nó na tripa segurando peido?
Manin, que recebia cinquenta centavos da prima por cada bufa assumida, justificou:

     - Valha, eu esqueci. Me empolguei com o show de calouros de Irapuan Lima e nem ouvi as batidas na cadeira.


Colaboração:Klébia Fiúza
(imagem Google)