Buchincho na estrada
Os quatro voltavam alegres para o Rio de Janeiro depois de tres dias num encontro de amigos em Ubá, Minas. Vinham felizes, cantarolando, rindo e conversando, quando ouviram a sirene da polícia rodoviária. Seta ligada para a direita, velocidade reduzida até parar no acostamento. tudo como manda o figurino. O policial se aproxima, olha os ocupantes do carro que estavam entre os cinquenta e oito e sessenta e sete anos.
- Bonito, todos com os cintos de segurança, inclusive os do banco de trás. Gostei de ver. Ah, se todos tivessem essa civilidade
- Viu seu guarda? Nada de errado, né? Nada de multa. A motorista riu baixinho. Não tinha do que ser multada.
- Vi sim. Infelizmente terei que multa-la pelo excesso...
- Excesso? Só se for excesso de João. O senhor está insinuando que ele é gordo? Se for, vou processá-lo. Excesso de constrangimento e autoridade . Meu amigo é sensível, gentil e não merece essa insinuação grotesca sobre o peso dele.
- Mas....
- Aonde já se viu. O senhor é muito indelicado, viu?
- Mas...
- Vou fazer uma reclamação formal do seu abuso de autoridade.
- Chega. Cala a boca, minha senhora. Eu quis dizer excesso de falta de velocidade, senhora, mas dessa vez vou deixar passar, em função sua idade e das de seus amigos.
Fechou o tempo.