Odisséia do Plano de Saúde
Tudo começou com a necessidade iminente de comparecer à central do plano de saúde. Incrível como eles fazem de tudo para dificultar a sua vida. Não poderia ser um contrato online, para clicar num botão "eu aceito", não, tem que ser à próprio punho, custe o que custar, das 9 às 17h.
Tinha duas horas para completar a missão. Se conseguisse cumprir no tempo determinado manteria meu emprego e recuperaria meu plano de saúde sem carência. Se demorasse mais de duas horas, estaria na rua. Se falhasse estava condenada à dois meses de carência.
A missão: sair da Lapa, em São Paulo, ir à Av. Paulista, assinar o contrato, pagar o boleto contratual no banco, entregar o comprovante de pagamento de volta na central do plano e voltar ao trabalho.
Os impecilios começaram na Heitor Penteado, num cogestionamento, afinal em São Paulo não precisa chover para o trânsito complicar, basta ameaçar. Pequei o metrô e fiz o percurso em tempo record, em 30 minutos estava na Central na Paulista.
Depois de uma pessoa, e cinco Senhoras - que naturalmente chegaram depois de mim - chega a minha vez: "Ok Senhora, para a Senhora não estar cumprindo o prazo de carência, a Senhora precisaria estar indo até o banco, e estar pagando a taxa de R$XX4,87, via depósito bancário, e estar me trazendo o comprovante para que eu possa estar liberando seu plano de sáude hoje". "Moça, o caixa eletrônico não aceita moedas". "Pois é Senhora, por isso gostaria de estar sugerindo que a Senhora fosse até o caixa para estar efetuando o depósito no valor exato da taxa". "Fala sério moça, não posso arredondar e depositar no caixa eletrônico? você vai me fazer pegar a fila do caixa em plena av. Paulista no horário do almoço mesmo??". "A Senhora poderia estar efetuando o pagamento arrendondado para mais, mas eu não poderia estar lhe ressarcindo o troco". "Tudo bem moça, pode ficar com os 13 centávos, não preciso do troco".
A pobre atendente provavelmente gastou mais do meu precioso tempo - e paciência - falando tudo no gerundio do que discutindo efetivamente comigo.
Claro que eu não tinha a quantia no bolso, e claro que eu não era correntista do mesmo banco do depósito, de maneira que eu teria que primeiro sacar, para depois depositar.
A essa altura do campeonato já caia um diluvio, e eu vi o transito se complicando a cada segundo enquanto corria desajeitadamente sobre o salto 15 à caminho do primeiro banco. Depois de 5 tentativas, alguns xingamentos e uma cena embaraçosa que prefiro nao comentar, consegui atravessar a porta giratória, e fui direto sacar a quantia em notas de R$20 e R$10. Não acreditei quando nas 3 bancas e jornal que encontrei no caminho do segundo banco, não consegui trocar uma nota de dez reais, por 5 reais trocados. Ou eram moedas ou notas de dois reais, ou seja, estava condenada à fila do caixa.
Já completamente ensopada, fui barrada novamente novamente na porta giratória, mas desta vez, fui obrigada a pegar uma chave e guardar a bolsa do lado de fora do banco, entrando apenas com o dinheiro e o número da conta. Incrível como algumas coisas sugam a paciência das pessoas, e ser travada na porta do banco é uma delas.
Depois de duas pessoas, e três senhoras, que mais uma vez, chegaram depois de mim, com 50 contas a pagar, chegou a minha vez.
Pacientemente, esperei o senhor contar o dineheiro e me dizer, "Moça, faltam R$4,87". Claro que tinha pegado dinheiro a menos na bolsa na correria, e se tinha algo que eu NÃO queria fazer era passar pela porta novamente. Pois acreditem, esta filha da mãe travou na saída do banco, e na reentrada também, afinal a chave do armário é de metal.
O segurança gentilmente se desculpou pela porta problematica, e eu naturalmente, rugi em resposta.
Taxa paga, paciência esgotada e 20 vinte minutos para o meu prazo esgotar.
Correndo de salto, com os pés doendo, e ainda remoendo o ódio pela porta giratória dos dois bancos. Voltei ao centro, assinei o contrato, e cumpri minha missão.
No taxi de volta ao trabalho, já meia hora atrasada, fui separar o dinheiro para a corrida, quando abro a bolsa dou de cara, com nada mais, nada a menos, que uma maldita nota de R$5,00, e a esperança que eu não estivesse na rua por causa deles.