Criança é foda!!!

E lá estava eu, danado, faceiro, serelepe e pimpão, indo a um churrasco de amigos... Pra variar, marcaram aonde??? Na casa do Marcão. Pense numa casa bem looonge... Agora pense ao quadrado... É um pouquinho mais longe.

Chegando lá, clima de festa, alguns felizes outros nem tanto, cerveja à vontade... (risos) cerveja... E desde quando Skol é cerveja??? Puta que o pariu Marcão!!! Essa porra só desce redondo no banheiro!!! A gente tenta ensinar e ele não aprende...

Skol só em fim de festa Marcão, quando nem sabemos mais o que estamos bebendo. Eu não vou viver pra sempre não, cara! Cerveja boa é Bohemia, Teresópolis... Logo Skol Marcão...

Bom, sigo inconformado com a “feliz” escolha do meu amigo e sento na roda de amigos. Conversa vai, conversa vem, e quinze minutos depois, justo quando eu estava começando à relaxar, de repente o Marcão grita:

- Fernandinhaaaa, desce da porra do portão!!! Puta que pariu filha, tu vai ficar de castigo hein... Caiu na casa do vizinho, tem um Pit-Bull lá. Ele acaba com a tua brincadeira!!!

Nossa, às vezes eu me espanto com tanta meiguice de um pai para com a filha... Se bem que eu não o critico ao extremo. Cada um colhe o que planta e acho que o meu amigo falhou em algumas coisas, mas deixa pra lá... A amada filha, às vezes, parece querer acabar com a vida dele.

Não passa cinco minutos, o Marcão berra novamente:

- Oh Valériaaaa (Esposa), porque você deu a porra do meu celular para a Fernandinha??? Caralho!!! Agora você vai mergulhar na piscina pra pegar ele... É foda, viu!!!

Foi-se os contatos do Marcão...

Voltando à “Skol”, segue o churrasco e por ironia da vida, a famosa “Lei de Murphy” nunca funciona quando a gente quer. É, amigos (as) Cerveja ruim nunca acaba!!! A carne boa, sim!!!

Já entorpecido com a amargura do horrendo “xixi de rato”, ainda temos tempo para contemplar um último “pití” familiar... Aparece Valéria com os olhos vermelhos de ódio à ponto de chorar. Todos param extasiados e a ouvem com atenção:

- Marcos Vinícius (Leia-se “Marcão, você está fudido!”) vai na sala ver o que “sua” filha fez... (Porque a filha nunca é nossa quando faz merda?)

Marcão joga a lata de cerveja quase cheia na piscina e vai contemplar a arte...

Eis a cenas:

Fernandinha em frente ao televisor novo (um LCD de 52" – Full HD) recém comprado, empunhando uma caneta esferográfica de ponta fina, escreveu na tela:

- Max (cachorro da família) eu te amo...

Marcão olha para a filha. A filha olha para ele (faroeste total)...

O silêncio impera tanto na sala, quanto no jardim (Até o som desligaram). Marcão inicia o diálogo com a filha... Guardando a faca de churrasco, claro...

- Filha... Escreveu na TV né? - calmamente

- Ahãm!

- Com a caneta, filha? - Mais uma vez calmo e vermelho como um pimentão

-Ahãm!

- Porquê fez isso filha?

- Num sei... – fala Fernandinha, quase chorando (acho que essa é uma tentativa de comoção)

- Porquê Filha?

- Num sei – Agora já em prantos...

O pai grita:

- Vai ficar de castigo, porraaaa!!!

A filha engole o choro e fala curiosa:

- Porquê, pai???

Marcão sai de si e imita a filha...

- Porquê? Num sei...

* E olha que eu adoro criança, mas o relato faz pensar... (risos)